Paralelamente ao que é tradição em casos de greves ou manifestações – avaliações largamente diferenciadas de participação ou adesão –, a greve geral de ontem e o seu contacto evidenciaram imensos elementos de perplexidade que, a meu ver, mostram bem o estado de perturbação generalizada a que o País chegou. Poderia referir a forma acomodada como reagiram os partidos de Direita exteriores ao Governo (Iniciativa Liberal e Chega, embora este com a salvaguarda das suas incoerências associadas às oscilações que percebe na opinião veiculada pelas redes sociais), assim como vários candidatos presidenciais, ou a forma predominantemente trauliteira como reagiu o estado-maior da governação (chegando até a recorrer a uma historicamente consagrada frase do Almirante Pinheiro de Azevedo – “o povo é sereno!” – para descrever uma situação que objetivamente perturbou a vida dos cidadãos, mais não seja pelas paralisações que sempre ocorrem em áreas de insubstituível serviço público e que levaram ao facto de que, na feliz expressão de David Pontes, "a greve geral existiu") à situação por ele intempestiva e intrigantemente criada de mexer em força na legislação laboral sem que tal parecesse expressivamente reivindicado por líderes empresariais representativos (vejam-se, ao invés, as afirmações de saturação que o presidente do Grupo DST deixou ao Expresso) nem estivesse inscrito em recentes exigências de flexibilidade vindas de revisitadas elaborações académicas ou previamente assumidas na agenda eleitoral da AD de há poucos meses. Mas o que mais pretendo aqui salientar é o que se me afigura ser um misto de soberba e amadorismo por parte dos atuais comandantes de uma embarcação lusitana que navega sem rumo e, talvez pior do que isso, guiada pela pretensa veia política do Chefe (afinal tão arrogante quanto desqualificada, tão pequenina quanto profundamente reacionária), o que promete conduzir-nos a um inevitável naufrágio sob a batuta descontrolada e destrutiva de André Ventura e seus acólitos – pobre país!
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
ECOS DA GREVE GERAL
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
(Henrique Monteiro, http://henricartoon.blogs.sapo.pt)
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