quarta-feira, 28 de junho de 2017

FOI BONITO, PÁ




(Os Portugueses pelam-se incorrigivelmente por estas manifestações de solidariedade, o espetáculo de ontem no Meo Arena teve momentos genuinamente sinceros, a música foi melhor companheira do que as palavras, e nestas coisas no melhor pano cai a nódoa porque alguém quis ser vedetinha…)

O sempre esforçado Manuel Lemos, que dirige com afinco a União de Misericórdias a nível nacional, bem frisou que poderia garantir pela sua honra que cada cêntimo do milhão e centena de milhar de euros arrecadado iria ser gasto com rigor, ele bem conhece o setor das Misericórdias e sabe que nem sempre isso acontece, dada a perigosa intromissão das questões partidárias na vida das Misericórdias.

O espetáculo do Meo Arena teve momentos de grande genuinidade, mostrando que as letras de certas canções adquiriram naquele contexto de tragédia nacional um outro significado, por vezes arrepiante. A música foi sempre mais generosa do que as palavras. Tivemos que levar, à escolha, com a verborreia do Goucha, da Cristina Ferreira, da Fátima Lopes e de outras que tais, embora José Alberto Carvalho se tivesse destacado na sobriedade do seu discurso trabalhando sobretudo a contextualização das letras.

Ninguém ficou indiferente à revisita de (Jorge Palma e Sérgio Godinho):

E entretanto o tempo fez cinza da brasa
E outra maré cheia virá da maré vaza
Nasce um novo dia e no braço outra asa
Brinda-se aos amores com o vinho da casa
E vem-nos à memória uma frase batida
Hoje é o primeiro dia do resto da tua vida.

Mas também da sonoridade de Ana Moura, Carminho, Gisela João, Pedro Abrunhosa.

Claro que no melhor pano há sempre uma nódoa para estragar o ambiente. Salvador Sobral resolveu fazer de vedetinha, com uma diatribe que valeria um bom par de estalos.

Só com música e palavras inseridas nessa mesma música o momento de generosidade teria sido grandioso. Os Portugueses mostram de quando em vez que são um capital prodigioso.

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