(Gallego & Rey, http://www.elmundo.es)
Cristiano Ronaldo é um grande atleta e um enorme profissional de futebol. A ele se devem relevantíssimos resultados desportivos nacionais – o Europeu de 2016 à cabeça – e, sobretudo, uma divulgação sem paralelo do nome de Portugal pelas sete partidas do mundo. Além disso, e a despeito de algumas idiossincrasias despesistas contestáveis, CR7 é também conhecido por não enjeitar a louvável prática – mesmo que avulsa – de ações de benemerência.
Dito tudo isto, em exclusivo nome da verdade, o que se tornou novamente notório neste defeso foi o lado obscuro (ou pouco transparente) da relação entre os rendimentos auferidos pelos grandes entertainers mundiais e o exigível cumprimento das suas obrigações fiscais (independentemente de uma outra discussão também possível que seria a dos respetivos excessos, iniquidades e derivados).
A situação não é apenas chocante pela astronómica e despudorada brutalidade a que ascendem aqueles rendimentos de trabalho e de imagem – os cidadãos comuns já os abordam sem pensar nos números que estão a proferir e já os descontam em nome de uma realidade que entendem como meramente virtual – mas também o é pela cadeia de empresários, agentes, serviçais e oportunistas de toda a espécie que improdutivamente se forma em torno deles.
Não espanta, portanto, que se assista cada vez mais, e um pouco por toda a parte, à organização de lógicas familiares em função da almejada e obsessiva esperança – que inevitavelmente falhará a 99,9% – de conseguirem chegar a ver um dos seus rapazes alcançar a eleição do estrelato do pontapé na bola e assim viabilizar a todos os próximos o reconhecimento fácil e o quadro de vida faustoso que só a independência financeira autoriza. Claro que isto não é nada socialmente sadio e claro que isto só pode vir a custar muito caro à(s) diferente(s) comunidade(s) envolvida(s) e envolvente(s)...
(José María Nieto, http://www.abc.es)
Sem comentários:
Enviar um comentário