segunda-feira, 26 de junho de 2017

UM ESCLARECIMENTO SINO-PROTECIONISTA


O secretário de Estado americano do Comércio, Wilbur Ross, ensaia agora tentativas de dar algum corpo factual e doutrinário às impreparadas proclamações protecionistas do seu presidente. Mas também ele atira frequentemente ao lado do alvo, como recentemente aconteceu numa entrevista ao “Wall Street Journal” em que declarou, entre outros, que a China continuaria a ser, no momento presente, o país mais protecionista do mundo.

Ora acontece que não é tal – como o PIIE (Peterson Institute for International Economics) logo veio sublinhar, através de um estudo assinado por Zixuan Huang, Nicholas R. Lardy e Melina Kolb, a China está largamente atrás (ou à frente, dependendo da perspetiva) do Brasil e da Índia na matéria ao registar uma média ponderada de tarifas aduaneiras de 3,4% (contra os 8,3% e 6,3% daqueles dois outros grandes países). Mesmo em relação aos 1,6% dos Estados Unidos a diferença já não é enorme, sendo ainda de sublinhar que o Japão e o Canadá se apresentam como detentores de níveis de proteção comercial inferiores ao americano (aliás totalmente equivalente, este, ao dos grandes países europeus).

Ou seja: a adesão da China à OMC, em 2001, produziu vários estragos na estruturação competitiva de muitas economias (como, designadamente, a nossa) mas teve por contrapartida efetiva uma quebra visível das defesas do mercado interno (incluindo não tarifárias) que por lá se praticavam até então. A realidade é o que é, não o que alguns pretenderiam que fosse – o seu a seu dono, pois...

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