terça-feira, 12 de março de 2019

PROVAS FINAIS



(Tempo para confirmar se as provas finais de mais uma obra coletiva coordenada por Daniel Vaughan-Whitehead da International Labour Organisation estão conforme o esperado, no âmbito da qual a Pilar Gonzalez da Faculdade de Economia do Porto e eu próprio contribuímos com mais uma interpretação do Portugal recente. Oportunidade para numa audiência mais internacional vincar novas perspetivas interpretativas sobre a nossa transformação.)

A experiência de colaboração com a ILO para a qual a Pilar González me desafiou já vai em três artigos para obras coletivas coordenadas todas elas pelo meticuloso Daniel Vaughan-Whitehead, publicadas pela Edward Elgar de Londres, uma editora muito prestigiada. Os dois volumes já publicados aguardam este terceiro, agora que as provas finais dos contributos dos 14 autores (incluindo o Daniel). Eu e a Pilar temos a noção de que as condições de conceção e organização da obra não permitiam novos desenvolvimentos em termos analíticos e de exploração de novos métodos. São artigos/contributos que visam sobretudo interpretar evidências e informação já publicadas e nesse âmbito estou satisfeito com o trabalho produzido. Aliás, temos ecos através do Research Gate que os nossos dois artigos já publicados (um deles com a participação do Luís Delfim Santos e do Hugo Figueiredo) têm suscitado novos leitores e ainda há dias tive a estranha sensação de sermos citados num artigo de uma investigadora polaca.

A obra coletiva chama-se “TOWARDS CONVERGENCE IN EUROPE – INSTITUTIONS, LABOUR AND INDUSTRIAL RELATIONS” e o nosso contributo de 42 páginas tem por título “Social convergence, development failures and industrial relations: the case of Portugal”. Não é comum de facto relacionar os temas da convergência económica e social (só esta interrelação é sugestiva e merecedora de uma melhor atenção do que a dedicada pelo mainstream económico) com as relações industriais, sejam estas orientadas para a centralização (contratação coletiva) ou para modelos de maior descentralização da negociação.

Mas o que mais me seduziu no contributo foi a possibilidade de vincar novos termos interpretativos da história económica recente do país, remando contra a indiferença do mainstream e do pensamento que chega mais à imprensa económica.

Dois excertos (em inglês para respeitar a publicação) ilustram essa perspetiva:

Excerto 1

“The difficulty of achieving sustained economic convergence and the increasing evidence of the exhaustion of the growth model generated in the golden period that followed EU accession show that structural change of the Portuguese economy has been slower than expected. This has given rise to two important effects, with repercussions for the expected economic and social convergence. First, the interruption of convergence and the emergence of signs of divergence in terms of real income per capita undermine the generally disseminated expectations of social convergence; secondly, it is becoming clear that the structural changes needed to regain a sustained trajectory of economic convergence are not independent of the particular configuration that social convergence might come to assume. Issues such as a more effective combination of flexibility and security in the labour market, and the needed transition to a skills-based competitiveness model, bring new challenges regarding the also needed social protection of the unskilled (long-term) unemployed people illustrate the type of social interdependences we are referring to.”

Excerto 2

“Without ignoring the need for, and the advantages of, creating pro-market institutions in the Portuguese economy, limiting structural reforms to labour market changes is in conflict with an open discussion of the strategic alternatives for the Portuguese economy in pursuit of a new competitiveness model. We cannot ignore that Portugal joined the EU in the middle of a development transition aimed at reducing the existing development gap with the EU. Limiting structural change to labour market reforms thus seems to be a very narrow vision of the changes that development convergence requires. Issues such as: (1)   upgrading the production specialisation profile, (2) improving the national innovation system and its organisation around firms’ innovation needs, (3) promoting accountability, (4) disseminating a meritocratic culture in the public sector and (5) increasing overall productivity are crucial components of a broader understanding of structural reforms, better designated ‘structural change’, as already mentioned. To focus structural change mainly on labour market reforms, in addition to being limiting can also be read as a hidden way of imposing changes in the Portuguese social model, without submitting it to democratic scrutiny.”

À Pilar, com um abraço pela amizade de sempre e pelo impulso orientador dado a este trabalho.

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