segunda-feira, 25 de março de 2019

SESSENTA ANOS ANTES DA TOUPEIRA


Que me perdoem alguns leitores mais avermelhados, mas juro que não reproduzo a vinheta acima por provocação gratuita decorrente de um qualquer fanatismo anti lampiânico. Faço-o apenas porque lia o jornal que a integrava e, ao encará-la, recuperei a memória de uma narrativa que me acompanhará por toda a vida, o episódio já aqui relatado do árbitro Calabote num jogo CUF-Benfica que não conseguiu ser o da retirada do título nacional de futebol de 1959 ao FC Porto. E até não importará muito apurar a dose de verdade pura e dura contida em tudo quanto se foi dizendo sobre a matéria, como talvez também não importe muito explorar até às últimas consequências o recente e digital caso do “e-toupeira”, igualmente indiciador de quanto as diatribes do chamado “apito dourado” não passaram de amadoras brincadeiras de criança em comparação com a durabilidade planeada das incursões de marca SLB que tanto contribuíram para ir alimentando a “alegria do povo” num estímulo à sublimação gregária das suas desgraças e assim fazer crescer essa avassaladora “onda vermelha” de seis milhões de adeptos que chegou até nós. Já quanto às vitórias futebolísticas, essas foram mais fáceis e frequentes em regime ditatorial e com recurso a matéria-prima proveniente do espaço colonial (20 títulos de campeão contra 20 dos adversários, sendo aqui dominante o Sporting com 14) do que em regime democrático de esforçado e nem sempre competente comando centralista (16 títulos nacionais contra 28 dos adversários, sendo aqui 24 os obtidos por uma despertada província nortenha) – das malhas que o império teceu à recusa de aceitar a dolorosa realidade de que os tempos mudaram...

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