terça-feira, 26 de março de 2019

AMANHÃ, FINALMENTE…



(Após várias tentativas goradas, eis que finalmente poderei amanhã ouvir ao vivo Martha Argerich. Não a solo, porque isso é uma preciosidade hoje reservada apenas para alguns eleitos, mas acompanhada de alguém muito próximo, Stephen Kovacevich. A oportunidade surgiu na Gulbenkian, tenho pena que o encontro com a diva do piano não aconteça na Casa da Música, mas não é coisa que não tenha já feito no passado.)

Desta vez foi de vez. Precavi-me com tempo. Estive atento à abertura da venda de bilhetes isolados depois de todas as assinaturas terem sido presenteadas. A persistência e a muita vontade deu frutos.

O programa é exigente e tenho andado ocupado em ouvir versões já tocadas por Arguerich noutras ocasiões e com outros companheiros de piano.

O concerto dedica a sua primeira parte exclusivamente às Danças Sinfónicas, op. 45 de Sergei Rachmaninov, a última composição do compositor e virtuoso músico russo, numa versão para dois pianos, já que foi inicialmente composta para orquestra, estreada em Filadélfia, segundo o programa, em 3 de janeiro de 1941. Para treinar o ouvido, valeu-me que a estante me proporcionou uma versão magnífica gravada ao vivo em Salzburgo, em que Arguerich toca com com Nélson Freire, uma dupla de luxo e na qual se sente que Martha Arguerich é feliz.

A segunda parte é dedicada a Debussy, prolongando o que considero ser um programa muito difícil e exigente para alguém um pouco duro de ouvido. As obras que segundo o programa serão tocadas serão: En blanc et noir, Lindaraja e Prélude à l’après-midi d’un faune. Para ir educando a sensibilidade e o ouvido recorri às muitas gravações dos encontros de Lugano em que Argherich toca com os seus amigos mais próximos. No Prélude à l’après-midi d’un faune Argherich tocou-o em 2016 com a companhia precisamente de Stephen Kovacevich, creio que o seu segundo marido. No En blanc et noir foram também os Encontros de Lugano de 2015 que me satisfizeram a necessidade de praticar a audição, e com o privilégio de ser tocado também com Stephen Kovacevich. Quanto ao Lindaraja nem o programa me resolveu a curiosidade e a débil formação musical. Mas o Google informa-me que Lindaraja é o nome de um terraço do Palácio Alhambra e que Lindaraja é no fundo uma habanera que nos transporta para a ambiência daquele Palácio.

O seu companheiro de palco não é um pianista qualquer, é um dos maiores entre os pianistas vivos e não tocava na sala da Gulbenkian já há 12 anos.

Tudo se compõe para um início de noite de prodígio e de retribuição afetiva para quem tanto esperou por este momento.

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