domingo, 3 de março de 2019

DESCONFORMIDADE



(O Carnaval é aquele período do ano em que me sinto peixe fora da água. Por isso quanto mais depressa se esfumar melhor para recuperar desta desconformidade …)

De toda a azáfama que se vai vislumbrando na televisão ou na imprensa em geral sobre os diferentes Carnavais locais que se combatem pelo melhor Carnaval de Portugal, retenho apenas o entusiasmo de muita gente que passa o ano a trabalhar no duro para a efemeridade destes dias. Tanto mais paradoxal, quanto alguns dos desfiles que por aí se apregoam são simplesmente deprimentes, quase sempre com as previsões meteorológicas a pregarem partidas aos organizadores e às ousadas donzelas que pensam estar no sambódromo do Rio de Janeiro. A”alegria” da maioria dos espectadores é por vezes confrangedora, quase parecendo que vai passar uma procissão de grande devoção ou até um funeral.

Admito que isso possa configurar a nossa peculiar maneira de festejar o dito e até poderia compreender a sua comemoração como uma espécie de catarse e de crítica dos costumes mas até essa dimensão me parece começar a perder força e fulgor.

Assim sendo, e por mais que me esforce ao longo dos tempos, este é daqueles períodos em que me apetece hibernar para acordar de uma ressaca de nada fazer, embora este ano a competência, a juventude e a procura da sorte do jogo me tenham concedido um momento, sozinho, de prazer e contentamento assistindo ao renascer da esperança lá para as bandas do Dragão. De mal o menos.

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