(De novo na Marraquexe sofisticada, com a visita ao museu
Yves Saint-Laurent e aos jardins Majorelle, passando pelo museu Berbere. Um exercício de aprendizagem da sensibilidade.)
O bairro europeu de Marraquexe é uma poderosa concentração de sofisticação
e cosmopolitismo, de afirmação contida dada a natureza cromática obrigatória
dos edifícios e também a cércea mediana que o caracteriza. O conjunto formado
pelos jardins Majorelle uma peça botânica de raro gosto (no qual se integra
também o museu Berbere) e pelo museu Yves Saint-Laurent é hoje uma grande atração
da cidade.
Comecemos pelo relativamente pequeno museu YSL, no qual uma exposição
temporária “Christo –Femmes 1962-1968”
do controverso artista Christo com foco na escultura original Wedding Dress de 1967 marca desde logo a
visita. A sala dedicada ao criador de moda francês, que contribuiu decisivamente
para a internacionalização de Marraquexe, concebida na tonalidade preto (incluindo
os manequins que representam obras marcantes de YSL ao longo dos tempos, com
iluminação sublime, e os écrans em que passam mensagens e palavras do criador, é
um prodígio de qualidade criativa. O espírito do criador francês está ali soberbamente
representado e na preciosa loja do museu é possível adquirir literatura e
imagens para contextualizar aquela época que o museu pretende retratar. O “LIberté – j´écris ton nom” de Pierre
Bergé companheiro de YSL até 1976 e cofundador da empresas YSL dá o tom para
essa contextualização.
Numa sala dedicada ao cinema, a beleza da diva Deneuve marca a entrada,
numa fotografia quase tão bela como a de Avedon que me acompanha no escritório.
A ligação deste clima de sofisticação e criatividade com os jardins Majorelle
é subtil. A propriedade fora adquirida pelo pintor francês Jacques Majorelle em
1923, tendo sido comprada por YSL e Pierre Bergé em 1980 que recuperaram a antiga
casa do artista francês, permanecendo hoje inacessível ao público. Mas os jardins
e a construção de tipo colonial que nele está instalada, onde o azul de todos
os azuis marca a sua presença.
A finura e o equilíbrio de todo aquele ambiente botânico e de elegante paisagismo
de jardim integram o tal ambiente de gosto refinado a que a passagem de YSL e
de Pierre Bergé por Marraquexe está associado. Esse ambiente joga bem com a
beleza das peças berberes de artesanato, joias, vestuário que integram o museu
Berbere.
Choca é verdade com o ambiente de pobreza, árabe e berbere, que o interior
da Medina acolhe. Mas isso é outra conversa e obedece ao paradigma das diferenças
de proximidade, ou da proximidade das diferenças, que para mim Marraquexe
representa.
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