domingo, 24 de março de 2019

YVES SAINT-LAURENT E OS JARDINS MAJORELLE…



(De novo na Marraquexe sofisticada, com a visita ao museu Yves Saint-Laurent e aos jardins Majorelle, passando pelo museu Berbere. Um exercício de aprendizagem da sensibilidade.)

O bairro europeu de Marraquexe é uma poderosa concentração de sofisticação e cosmopolitismo, de afirmação contida dada a natureza cromática obrigatória dos edifícios e também a cércea mediana que o caracteriza. O conjunto formado pelos jardins Majorelle uma peça botânica de raro gosto (no qual se integra também o museu Berbere) e pelo museu Yves Saint-Laurent é hoje uma grande atração da cidade.

Comecemos pelo relativamente pequeno museu YSL, no qual uma exposição temporária “Christo –Femmes 1962-1968” do controverso artista Christo com foco na escultura original Wedding Dress de 1967 marca desde logo a visita. A sala dedicada ao criador de moda francês, que contribuiu decisivamente para a internacionalização de Marraquexe, concebida na tonalidade preto (incluindo os manequins que representam obras marcantes de YSL ao longo dos tempos, com iluminação sublime, e os écrans em que passam mensagens e palavras do criador, é um prodígio de qualidade criativa. O espírito do criador francês está ali soberbamente representado e na preciosa loja do museu é possível adquirir literatura e imagens para contextualizar aquela época que o museu pretende retratar. O “LIberté – j´écris ton nom” de Pierre Bergé companheiro de YSL até 1976 e cofundador da empresas YSL dá o tom para essa contextualização.

Numa sala dedicada ao cinema, a beleza da diva Deneuve marca a entrada, numa fotografia quase tão bela como a de Avedon que me acompanha no escritório.

A ligação deste clima de sofisticação e criatividade com os jardins Majorelle é subtil. A propriedade fora adquirida pelo pintor francês Jacques Majorelle em 1923, tendo sido comprada por YSL e Pierre Bergé em 1980 que recuperaram a antiga casa do artista francês, permanecendo hoje inacessível ao público. Mas os jardins e a construção de tipo colonial que nele está instalada, onde o azul de todos os azuis marca a sua presença.

A finura e o equilíbrio de todo aquele ambiente botânico e de elegante paisagismo de jardim integram o tal ambiente de gosto refinado a que a passagem de YSL e de Pierre Bergé por Marraquexe está associado. Esse ambiente joga bem com a beleza das peças berberes de artesanato, joias, vestuário que integram o museu Berbere.

Choca é verdade com o ambiente de pobreza, árabe e berbere, que o interior da Medina acolhe. Mas isso é outra conversa e obedece ao paradigma das diferenças de proximidade, ou da proximidade das diferenças, que para mim Marraquexe representa.

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