sábado, 9 de março de 2019

O FERRAZ É O NETO DE MOURA DA DIREITA ECONÓMICA EMPRESARIAL



(Junto-me com prazer ao meu colega de blogue para zurzir numa das múmias mais resilientes da direita económica empresarial. Um indicador de que a mudança estrutural que repetidas vezes antecipamos para a economia portuguesa não se concretiza à velocidade que desejaríamos.)

Todos sabemos que o tecido empresarial português é bem diferente, para melhor e para pior, do panorama que, diariamente mas principalmente nos semanários, a comunicação social nos vai transmitindo, acolhendo desde as vozes de burro até aos testemunhos mais consistentes. Mas há um irritante estrutural que permanece e que consiste na sobrevivência pecaminosa de algumas personalidades, algumas das quais já desde os ventos da consolidação constitucional do país, ou seja, há mais de 40 anos. Ao pé desses exemplos de sobrevivência insalubre, se o Eládio Clímaco permanecesse a apresentar o Festival da Canção tratar-se-ia de um pequeno pecado que todos estaríamos prontos a branquear.

Há várias tipologias dessas múmias resistentes. Uma tipologia mais cabalística e de contornos mais profundos é, por exemplo, a que o inenarrável Tomás Correia do Montepio representa. De facto, por mais que sejamos homens ingénuos ou de boa vontade prontos a dar a face ao adversário, ninguém duvida que por detrás da resistência de Tomás Correia está uma rede de cumplicidades cuja configuração pode ir do amiguismo bem português às mais tortuosas relações de encobrimento. A lista de personalidades que apoiou a sua reeleição é toda ela uma caldeirada de cumplicidades estranhas. A manutenção da personagem à frente do Montepio fere a credibilidade de pessoas que pouco ou nada fazem para afastar a personalidade. Custa-me que o ministro Vieira da Silva esteja a ser chamuscado em lume brando com todo este enredo “avalias tu ou eu a idoneidade da personagem?”.

A múmia Pedro Ferraz da Costa pertence a uma outra tipologia de múmias resilientes. Ele aparece sistematicamente a projetar as ideias da direita económica empresarial mais troglodita por que lhe dão espaço e tempo de antena, por que seria uma maçada encontrar alguém de ideias mais arejadas ou simplesmente porque a nossa direita económica empresarial é incorrigível. Por isso digo que Ferraz é o juiz Neto de Moura dessa direita económica.

Tenho para mim que uma espécie de tiro ao alvo destas múmias mais resilientes e trogloditas poderia representar um desporto de grande alcance em termos de qualidade do ar político que se respira em Portugal.

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