segunda-feira, 11 de março de 2019

MAGALLANES


Nuestros hermanos, sempre prontos a puxar da sua bandeira para ostentar um arrogante orgulho nacionalista frequentemente feito de somatórios nem sempre bem calculados! Desta vez, temos a Real Academia de História do Reino de Espanha a vir divulgar um relatório em que se “esclarece” que a primeira viagem de circum-navegação correspondeu incontestavelmente a uma empresa de “plena e exclusiva autoria espanhola” (da preparação dos cinco navios da expedição em Sevilha ao seu financiamento em Espanha, 75% pela Coroa e 25% por um grupo de comerciantes espanhóis, e ao seu regresso sob o comando de Elcano). A instituição explica ainda que o dito documento foi mandado elaborar perante a “necessidade social de responder às muitas questões levantadas pelas autoridades portuguesas”, designadamente no tocante a uma inexistente ligação entre a paternidade da viagem e o facto de Fernão de Magalhães ser natural de Portugal. Com um cinquentenário aí à porta, uma estrutura de missão a funcionar e uma candidatura conjunta a património da humanidade anunciada pelos dois governos peninsulares, como vamos alindar todo este imbróglio em que nos pusemos a cavalgar uma onda perigosa e ficamos agora confrontados com a afirmação dos nossos queridos vizinhos – sempre a considerar-nos, tão amigos! – de que apenas pretendem evitar que as comemorações se convertam numa fonte de divisão entre os dois países?

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