(cartoon de Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
Como se pode constatar pelos recortes destes dias, as coisas estão feias em Itália. Coisa que, aliás, se pressente visivelmente nas conversas discretas de ruas e cafés ou nas preocupações patentes nas gentes mais informadas. Por um lado, é o tanque Salvini a atuar, impulsionado pelos bons resultados das eleições europeias (em contraponto aos maus do parceiro de coligação da sua “Liga Norte”, o “Movimento Cinco Estrelas”, determinando uma muito provável rotura que o primeiro-ministro Conte ainda tenta evitar) e procurando simultaneamente apropriar o momento para se afirmar como uma peça essencial na luta pela liderança da extrema-direita europeia. Por outro lado, é o braço-de-ferro com a União Europeia a propósito do défice público, uma verdadeira incógnita para quem acompanha as questões da Europa – no caso, e voltando a Trento, foi o ex-ministro grego das Finanças que pediu o regate do país em 2010 (Giorgios Papaconstantinou) quem por lá deixou uma imagem que diz tudo: à época, o camião alemão deslocava-se numa estrada estreita em direção a uma trotinete grega que vinha em sentido contrário, mas agora o mesmo camião depara-se com a possibilidade de chocar com um Ferrari italiano em alta velocidade – porque, como é óbvio, não é de todo indiferente (sobretudo para os caminhos europeus) virmos a saber quem vai ceder, desviando-se, e em que condições. Os mercados estão atentos, embora ainda expectantes mas já penalizadores, e a subida do spread peggio della Grecia aí está para o provar. Um autêntico quebra-cabeças que transporta consigo os principais ingredientes que subjazem às atuais preocupações dominantes, dos riscos populistas às grandes incertezas quanto ao futuro da Europa.
(cartoons de Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)
Em tempo (início da manhã de 4/6): os jornais de hoje já dão conta de uma desavença grave entre Conte e Salvini (ver abaixo), ao mesmo tempo que assinalam um countdown europeu para a abertura de um processo de infração por défice excessivo ao país. A crise latente está assim transformada numa guerra aberta com várias vertentes.
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