domingo, 9 de junho de 2019

BRAVO!



(Depois de uma meia-final salva pelo relógio suíço Cristiano Ronaldo, a final merece um bravo. Onde se fala do pacto com o divino do Engenheiro Santos, do patinho feio, do rolo compressor, do jongleur e da solidez de ébano.

A meia-final com a Suiça tinha antecipado o pior. Só aquele pacto estranho do Engenheiro Santos com o divino explica o êxito, salvo pela eficácia de relógio suíço que os 34 anos de Cristiano Ronaldo ainda representam. A desorganização da equipa foi de bradar aos céus com vários jogadores à procura do seu papel.

Mas na final de hoje, com o Dragão ao rubro, tudo foi diferente. A aposta no patinho feio Gonçalo Guedes deu resultado. Não é fácil encontrar no futebol português um jogador com tal poder físico e de arranque e sempre que o dito consegue manter a cabeça levantada a forma como galga metros fixado na baliza é única. Por outro, ao jongleur Bernardo foi-lhe atribuído o papel certo no lugar certo, aliás como costuma fazer no City sob a batuta de um outro maestro, Guardiola. Só de acompanhar a competitividade de Bernardo Silva no campo cansa qualquer treinador de sofá, isto depois de uma época desgastante a jogar ao ritmo da Premier League, precisamente por isso e não por outra coisa. O ritmo é outro e bastaria encontrar o lugar certo como hoje aconteceu. Por outro lado, o rolo compressor Bruno Dias hoje também se esmerou, foi suficientemente compressor sem ir às canelas, embora já na parte final e perante o segundo Jong há ali uma gravata que nos poderia ter causado grandes estragos anímicos. Mas o homem do apito também se despedia das lides e talvez não quisesse estragar a festa. Finalmente, a solidez de ébano de Danilo é um regalo para ser apreciado, que jogador espantoso de posicionamento, de resistência, de calma e eficácia defensiva. E nem sequer foi necessário um Ronaldo de exceção para resolver o problema, o patinho feio resolveu com uma bela iniciativa e um belo remate.

Costa e Marcelo agradeceram mais este favor do futebol para manter o ego dos portugueses em cima.

A seleção parece ter encontrado a estabilidade para uma renovação paulatina mas segura e sustentada. Há gente suficiente a despontar e apesar de cada vez desengonçado e de mal com o fato e gravata, o Engenheiro Santos tem por vezes alguns percalços de planeamento de jogo como na meia-final mas o seu pacto com o divino e todos os santos lá vai resolvendo a questão.

Bravo Rapazes. Apanhamos os trutas desprevenidos, alguns dos quais não sabendo provavelmente ainda hoje que raio de competição a Liga das Nações é. E a primeira já cá canta. Amanhã é feriado, vai haver uns discursos, talvez este ano mais heterodoxos do que o costume (veremos o que o jornalista João Miguel Tavares tem para nos dizer a partir da sua Portalegre cujo declínio tanto aprecio pela marca burguesa que ainda paira na Cidade).  Terça-feira voltamos ao trabalho e aos problemas, mas as férias já estão perto, para os que têm posses e cartão de crédito para as usufruir.

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