(A posição do PS relativamente ao Sistema Nacional de
Saúde tem vindo a fragilizar-se e a tornar-se cada vez mais volátil, o que
tende a perturbar a fixação do seu eleitorado. E a questão transcende a matéria das PPP na saúde.)
Reconheço e penso que todo o cidadão de boa-fé o reconhecerá que a tarefa dos
ministros da Saúde nos tempos que correm não é fácil e tende rapidamente a
corroer a imagem e as boas graças com que qualquer candidato ao lugar inicie as
suas tarefas. Penso que foi isso que se passou com os dois ministros que ocuparam
a pasta no atual governo do PS. A corrosão atingiu o mandato de Adalberto
Campos Fernandes e está a acontecer o mesmo com o de Marta Temido. Não estão
em causa, que as podem existir, as características e insuficiências de quem
exerce o cargo e certamente as haverá nas duas personalidades, se aprofundarmos
o escrutínio e a avaliação. Mas esse não é o meu ponto. Entendo que a corrosão aconteceria
sempre quaisquer que fossem esses traços e competências.
Sou dos que sempre entendi que a qualidade e desempenho dos sistemas de saúde,
mesmo que admitamos efeitos associados ao modelo escolhido, estão estruturalmente
ligados ao nível de desenvolvimento do país, numa relação que é ambivalente,
mas que para efeito desta crónica a entendo na perspetiva de que o nível global
de desenvolvimento do país acaba por condicionar a qualidade e desempenho do
sistema de saúde. Ora, até há bem pouco tempo, a maioria dos indicadores relativos
ao SNS evidenciava uma qualidade e desempenho acima do que o nível de
desenvolvimento do país o admitiria. A questão que deve colocar-se é esta: se
essa asserção for verdadeira por que razão a corrosão dos ministros parece algo
de inevitável?
A minha interpretação para essa aparente contradição desemboca ainda na
mesma relação estrutural: a qualidade e desempenho do SNS pode estar acima do nível
de desenvolvimento mas tende a ajustar-se em baixa quando o nível de desenvolvimento
global do país enfrenta algumas limitações.
No caso vertente, foi possível ocultar durante algum tempo algumas insuficiências
de recursos do sistema, mas os cortes da Troika, a introdução da semana de 35
horas, as disparidades de situações entre os agentes do sistema, limitações de investimento
público e as dificuldades de introduzir no sistema uma rigorosa e equilibrada política
de racionalização de meios e custos abriram uma caixa de Pandora.
Por isso, entendo que a questão das PPP na saúde é uma questão menor no
seio do problema mais global que apoquenta o sistema. Primeiro, o modelo PPP
está mais desenhada para um processo de construção-gestão de uma unidade
hospitalar. Aí entende-se bem a vantagem dessa modalidade que se traduz sobretudo
na antecipação do investimento, tanto mais importante quanto maiores forem as
limitações de investimento público que o país viva. Claro que as contrapartidas
por essa antecipação devem ser bem pesadas. Ninguém pretende repetir os desvios
de algumas PPP rodoviárias.
Tenho mais dificuldade em equacionar as modalidades de PPP unicamente
destinadas à gestão de unidades hospitalares. Grassa por aí a ideia de que a
gestão hospitalar privada é seguramente melhor do que a gestão pública,
apresentando-se para isso exemplos comparativos de unidades públicas e unidades
privadas. Esse confronto está enviesado por uma razão que não vai agradar seguramente
aos meus colegas médicos. Gostaria de trazer para a reflexão o diferente
comportamento dos agentes médicos e de enfermagem quando trabalham em unidades
públicas e em unidades privadas. Nas primeiras, quando uma administração pública
mais agressiva introduz alguma regra de racionalização, aqui d’el rey que a
autonomia do ato médico está a ser comprometida, ouve-se de novo a palavra
economicismo e geram-se comportamentos de resistência. Não me consta que tais
agentes quando partilham a sua atividade no público e no privado se insurjam
com tais rigores de gestão. Por conseguinte, a comparação está viciada.
Depois, essa comparação apressada parece ignorar a qualidade conhecida da
formação superior e pós-graduada em gestão e administração de unidades de saúde.
Com o mesmo comportamento compreensivo dos agentes médicos por que razão a gestão
pública tem de ser necessariamente de pior qualidade do que a privada?
Isto não significa que, por exemplo, na mal contada história do fim da PPP
no Hospital de Braga não seja necessária uma avaliação mais profunda e
distanciada do momento político da gestão aí realizada pelo operador privado. A
discussão está toldada.
Por isso, a posição do PS não me convence nesta matéria. Ela é relativamente
frágil e mais do que isso tem sido algo volátil. Não está em causa a existência
de hospitais privados. Mas subordinar uma Lei de Bases à pretensa superioridade
da gestão privada das unidades hospitalares parece-me muito frágil. Outra coisa
é manter os dois sistemas em funcionamento em concorrência leal. Mas isso é matéria
para uma outra reflexão.
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