domingo, 9 de junho de 2019

DÚVIDAS E CERTEZAS GREGAS

(Ilias Makris, http://www.kathimerini.gr)


Entre outras coisas, as minhas conversas de Trento com Giorgios Papaconstantinou ajudaram-me a largamente esclarecer uma das minhas principais incompreensões, tantas vezes aqui obsessivamente expressas acerca da súbita viragem de posicionamento político do atual primeiro-ministro grego Alexis Tsipras. Por um lado, “ele chegou à borda do precipício, olhou para baixo, assustou-se e voltou para trás”; por outro lado, “ele percebeu os múltiplos riscos judiciais e criminais em que seguramente incorreria – ou a que seguramente o iriam conduziri – se persistisse em retirar o país da moeda única”. Aquele mesmo Giorgios – que durante algum tempo foi sujeito a acusações graves que o levaram a “passar as passas do Algarve”, mas que está hoje bastante tranquilo nas suas funções docentes em Florença, nas suas incursões académicas e intervenções cívico-económicas e nas interessantes dimensões de colaboração ativa com a mulher holandesa com quem vive em matérias do domínio turístico e hoteleiro (com especial ênfase nas ofertas de charme em Ilhas Gregas) – explicou-me também que Tsipras já não terá grande hipótese de continuar a dirigir os destinos helénicos (perdendo, notoriamente, às mãos de um desajustado tratamento da classe média) e assim ainda não estará livre do ressuscitar de possíveis processos contra si, tal como também me deu conta de que Varoufakis não foi eleito para o Parlamento Europeu por uma unha negra e das dificuldades por que passa o ex-PASOK (que o fundamentalismo austeritário destruiu de modo inapelável e imperdoável, estando agora a procurar ressurgir sob a designação de KINAL e no meio de uma grande conflitualidade estratégica entre privilegiar acordos à direita ou uma afirmação à esquerda que já provocou a baixa de Venizelos), tendo-me ainda falado de um esperado regresso da Grécia à normalidade democrática – o primeiro país a eleger um governo dito populista e também o primeiro a derrubá-lo pelo voto – por via da vitória, que dá por certa, da “Nova Democracia” (direita conservadora, filiada no PPE) nas eleições antecipadas a ocorrerem a 7 de julho. No meio disto tudo, ainda falta perceber o que é que António Costa ainda magica no sentido de uma recuperação social-democrata do dito Tsipras...

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