(Com um copo de Madeira na frente do computador, num dos
múltiplos locais de alimentação em que os aeroportos portugueses e não só se
transformaram, ou seja, como terão percebido no aeroporto da Madeira, pois
recuso-me a entoar o nome de Cristiano, tento justificar as mágoas de um blogger
atarefado, quase há quatro dias afastado das lides)
Pois a vida de trabalho deste idoso estatístico
está cada vez mais complicada, com tempo para tudo menos para pensar
reflexivamente algum tema para o blogue. No fim-de-semana, por entre outros
afazeres de lazer (convívio de aniversário com amigos angolanos a subir o
Douro), de intervenção cívico-académica (a falar de declínio demográfico e de
envelhecimento na perspetiva da economia e da política de desenvolvimento na
Conferência do Rotary do Porto e dos seus 70 anos) e de preparação do trabalho
da semana. Hoje, no Funchal para uma intervenção no Conselho Económico e Social
da Região Autónoma, em colaboração solicitada pelo amigo Oliveira das Neves,
fazendo um balanço da atual programação até ao momento no âmbito da preparação do
futuro período de programação, numa região que muito prezo e que estará
politicamente ao rubro nos tempos mais próximos.
Pois, a partida e chegada bem matutinas ao aeroporto do Funchal tiveram que
se lhe diga com duas aproximações à pista abortadas por visibilidade deficiente
da mesma. Curiosamente, não foram os famosos ventos que demandam por vezes o
concelho de Santa Cruz que complicaram a vida. Uma hora de circulação pelo ar
em espera pela terceira abordagem à pista não é coisa que se recomende. Depois de
estarmos psicologicamente preparados que iríamos parar a Porto Santo (a
articulação operacional dos dois aeroportos continua a aguardar decisões mais
profundas e consequentes), o comandante do avião que se chamava também
curiosamente António Mexia, lá encontrou uma aberta e conseguiu a abordagem
pretendida. Do ponto de vista político, Santa Cruz continua a ser uma terra sugestiva
e é neste momento a origem de uma força política nova na Madeira, o JPP, Juntos
Pelo Povo, que pretende medir o seu próprio pulso nas próximas eleições
regionais.
A reunião do Conselho Económico e Social excedeu as minhas expectativas,
com intervenções estruturadas e à altura do que se pretendia. Confirmei uma vez
mais que as metodologias participativas dão sempre frutos. Tal como não se deve
infantilizar o nosso discurso com as crianças, também me recuso a baixar o nível
dos ambientes participativos. Pela minha leitura da Região, a qualidade da
governação parece atravessar uma fase de alguma acomodação, estando a
necessitar de algum abanão para manter o nível a que me tinha habituado. Ao
contrário disso, o CES regional deu mostras de estar vivo e isso é um bom
sinal.
Para concluir esta miscelânea de reflexões, agrupadas para quebrar o
afastamento das lides, recordo aqui que a minha intervenção no Rotary se deu na
mítica sala da Casa da Música, a Guilhermina Suggia. Estou habituado a estar do
lado lá, mais ou menos embebido auditivamente (do esquerdo pois o direito já
deixa a desejar). Nunca tinha estado do lado de cá e aquele palco intimida. Mas
acho que a mensagem que deixei resultou, pois completou a de cientistas demógrafos
que integraram o meu painel. As mensagens que deixei não são propriamente novidade
neste blogue, mas voltarei a elas numa próxima oportunidade.
O voo da TAP está quase uma hora atrasado e amanhã o Alfa espera-me antes
das sete da manhã. Para um idoso estatístico é demasiada animação.
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