Um momento prazeroso para marcar em pleno o início de um fim de semana alargado que espero venha a cumprir a sua missão de recarga de baterias bastante em baixo. Visita a Santa Cruz do Douro, concelho de Baião – lembrando Eça: “Santa Cruz é inteiramente de outra natureza. É extremamente belo. O caminho íngreme e alpestre da estação até à quinta é simplesmente maravilhoso. Vales lindíssimos, carvalheiros e soutos de castanheiros seculares, quedas de água, pomares, flores, tudo há naquele bonito monte.” –, a amável convite do presidente do município local, Paulo Pereira. A ideia era a de corresponder, à terceira tentativa, a uma participação no “Virar a Mesa do Avesso” que o prestigiado jornalista Fernando Alves inventou para casar a literatura com a gastronomia naqueles locais queirosianos. O jovem e talentoso chefe do “Restaurante de Tormes”, António Queiroz Pinto, explorou com mestria e ajuda paterna a sugestão do escritor Alberto Santos (AS), preparando uma deliciosa empada de frango com especiarias servida no interior de um pão especialmente encomendado e uma improvável pá de borrego com mel, ambos pratos milenares e associáveis à presença muçulmana na Ibéria que AS investigou para dar substância aos seus primeiros livros. Antes, e a abrir, António Durães e Filipa Guedes interpretaram o espetáculo “A Vida no Campo” a partir de uma obra de Joel Neto e Catarina Ferreira de Almeida encenada por Luísa Pinto. Um excelente convívio e uma magnífica experiência, mostrando pela enésima vez o que pode ser a exploração da criatividade e da dimensão cultural no fortalecimento dos ativos específicos dos territórios.
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