quarta-feira, 6 de dezembro de 2017

GUTERRES, JÁ QUASE UM ANO


Dez meses depois da sua prestigiante chegada a secretário-geral da ONU, António Guterres escolheu a República Centro-Africana para fazer a sua primeira viagem oficial organizada e por lá aceitou dar conta ao “Le Monde” de um primeiro balanço do que tem vindo a sentir nesta sua experiência. Lúcido e inteligente, como sempre se lhe reconheceu. Admitindo frontalmente que desempenha uma função que pode ser “muito frustrante”, mas também que tal é da “natureza do lugar” na medida em que “o secretário-geral não passa de um administrador executivo que põe em prática as decisões do Conselho de Segurança” – porque “o poder, na ONU, é o Conselho de Segurança”. Mais diretamente, Guterres quis sublinhar que “o que me choca é a imprevisibilidade generalizada no mundo e o clima de impunidade” e, ainda, que “os piores perigos para o planeta são o regresso do nuclear ao discurso político e, portanto, à ameaça e a desestabilização do Médio Oriente ligada aos conflitos no Iraque e na Síria e à oposição entre sunitas e xiitas”. E assim é que, por muito pouco que afirme que pode, Guterres tem podido colocar alguns escolhos expressivos no caminho da reação internacional que crescentemente nos envolve, afinal o caos que ele próprio tão apropriadamente denuncia.

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