(A rocambolesca aprovação,
e seus ecos, da lei do financiamento partidário são uma trágica mistura de cobardia,
de ignorância e de persistência malévola na mesma e da mais pura demagogia à solta.
Com toda esta impreparada imbecilidade
instalada, Marcelo agradece, mesmo que às voltas com a sua hérnia umbilical.)
À boleia de parte da
expressão utilizada ontem por Jorge Coelho no Quadratura, avanço para um curto
registo de algo que nos leva a acabar o ano de 2017 com a convicção de que a
qualidade do Parlamento está pelas ruas da amargura. E uma de duas: ou, interpretação
mais maligna, o Parlamento é a emanação natural da sociedade e a “qualidade”
dos portugueses está em queda acelerada, ou, interpretação mais benévola mas não
menos gravosa, o Parlamento dissociou-se perigosamente dos melhores de entre nós.
Emmanuel Macron
mostrou-nos inesperadamente, face à sua origem política, que o populismo se combate
pelos cornos, salvo seja, enfrentando os seus próprios demónios, não os metendo
debaixo do tapete ou assobiando para o lado. Pois, os deputados envolvidos no
grupo de trabalho e na aprovação fizeram o contrário. Internalizaram a reação
de desconfiança que a população mais ou menos informada tem vindo a alimentar quanto
aos partidos políticos. Discutiram e aprovaram sem escrutínio público alterações
ao seu próprio financiamento. Mau demais, porque precisamente isso intensifica
e diaboliza ainda mais o mau-olhado de que se sentem acusados. Ignoraram os
cornos do problema.
Mas o quadro é ainda
pior por várias razões. Há quem comece a sacudir a água do capote para salvar a
face. Mas há ainda quem defenda o que foi feito persistindo por ignorância ou má-fé
nos argumentos subjacentes à encapotada iniciativa.
Os malefícios agravam-se
quando se passa à denúncia pública. A demagogia liberta-se na sua mais pura
expressão. A combinação entre cobardia e demagogia é explosiva. Assim estamos e
vamos acabar o ano de 2017.
Marcelo agradece. Por
este andar arrisca-se a ser entronizado.
O INE deveria trabalhar
no sentido de construir um Índice da Estupidez Nacional. Seria um bom serviço.
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