sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

MAU DEMAIS…




(A rocambolesca aprovação, e seus ecos, da lei do financiamento partidário são uma trágica mistura de cobardia, de ignorância e de persistência malévola na mesma e da mais pura demagogia à solta. Com toda esta impreparada imbecilidade instalada, Marcelo agradece, mesmo que às voltas com a sua hérnia umbilical.)

À boleia de parte da expressão utilizada ontem por Jorge Coelho no Quadratura, avanço para um curto registo de algo que nos leva a acabar o ano de 2017 com a convicção de que a qualidade do Parlamento está pelas ruas da amargura. E uma de duas: ou, interpretação mais maligna, o Parlamento é a emanação natural da sociedade e a “qualidade” dos portugueses está em queda acelerada, ou, interpretação mais benévola mas não menos gravosa, o Parlamento dissociou-se perigosamente dos melhores de entre nós.

Emmanuel Macron mostrou-nos inesperadamente, face à sua origem política, que o populismo se combate pelos cornos, salvo seja, enfrentando os seus próprios demónios, não os metendo debaixo do tapete ou assobiando para o lado. Pois, os deputados envolvidos no grupo de trabalho e na aprovação fizeram o contrário. Internalizaram a reação de desconfiança que a população mais ou menos informada tem vindo a alimentar quanto aos partidos políticos. Discutiram e aprovaram sem escrutínio público alterações ao seu próprio financiamento. Mau demais, porque precisamente isso intensifica e diaboliza ainda mais o mau-olhado de que se sentem acusados. Ignoraram os cornos do problema.

Mas o quadro é ainda pior por várias razões. Há quem comece a sacudir a água do capote para salvar a face. Mas há ainda quem defenda o que foi feito persistindo por ignorância ou má-fé nos argumentos subjacentes à encapotada iniciativa.

Os malefícios agravam-se quando se passa à denúncia pública. A demagogia liberta-se na sua mais pura expressão. A combinação entre cobardia e demagogia é explosiva. Assim estamos e vamos acabar o ano de 2017.

Marcelo agradece. Por este andar arrisca-se a ser entronizado.

O INE deveria trabalhar no sentido de construir um Índice da Estupidez Nacional. Seria um bom serviço.

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