quinta-feira, 15 de novembro de 2018

“AMIGO DE PORTUGAL”


Diretamente da Finlândia, onde se reunia o PPE para escolher o seu candidato a presidente da Comissão Europeia, o sempre pressuroso Paulo Rangel não perdeu tempo a tentar fixar a ideia de que o eleito (o alemão Manfred Weber) seria um “amigo de Portugal”. Só que, e ao invés do que aquele eurodeputado pretendia deixar sub-repticiamente estabelecido, o caso é mais para se dizer que, com amigos destes, o nosso país necessita pouco de inimigos: com efeito, não esqueço, porque o pude testemunhar de perto, quanto foi a de um carrasco (provocador e absolutamente inflexível) a prestação de Weber ao comando da bancada europeia do PPE durante o pior período troikista que atravessamos. Já mais recentemente (2016), Weber não se coibiu de voltar a fazer das suas ao escrever uma carta ao presidente Juncker solicitando-lhe que as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento “sejam aplicadas sem permissividade”, nelas devendo incluir-se as da “vertente corretiva” (“todos os instrumentos, incluindo os da vertente corretiva [do PEC], devem ser usados na sua força máxima”), e manifestando-lhe a “profunda preocupação” do seu grupo partidário com o que considerou estar a ser “uma interpretação, implementação e aplicação permissivas do Pacto de Estabilidade e Crescimento” por parte dos países com défices superiores a 3% do PIB (ou seja, Portugal e Espanha).Confrontado criticamente com esta sua tomada de posição, logo veio tentar corrigir-se (é sempre pior a emenda que o soneto!), explicando que apenas pretendia evitar que o comissário Moscovici “impusesse regras a Portugal e Espanha, diferentes das que impõe a Itália ou França” (?) e acrescentando que “uma coisa é aplicar a flexibilidade do PEC dentro das regras do PEC, outra, muito diferente, é aplicar esta flexibilidade apenas a alguns países amigos que partilham da mesma cor política” e, ainda, que “seria difícil a Moscovici explicar porque propõe agora penalizar países que têm estado a esforçar-se para implementar reformas simplesmente porque não cumpriram as metas do ano passado, quando no passado propôs que não se sancionasse membros com governos socialistas que não só não cumpriram as metas como foram relutantes em fazer reformas e até passaram o tempo a encontrar desculpas”. Eis a muito provável cara feia e de poucos amigos lusitanos (Rangel excluído) que vai ser comando na Europa 2019/2024...

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