quarta-feira, 28 de novembro de 2018

PUTÍN, O TERRÍVEL


O conflito que se declarou no passado domingo entre a Rússia e a Ucrânia tem um significativo potencial de gravidade acrescida. Já tivemos o caso da anexação da Crimeia, vamos tendo desde 2014 um leste da Ucrânia defrontado com um separatismo pró-russo (que o público em geral conhece mais de perto pelo facto futebolístico de o Shakhtar Donetsk, treinado por Paulo Fonseca, ter sido obrigado a deslocalizar os seus jogos em casa para Lviv e Kharkiv) e temos agora um incidente naval que mobiliza as forças militares dos dois países, fazendo temer uma escalada de perigosos confrontos abertos e a evoluírem ao sabor de alinhamentos precipitados e incontroláveis.

A situação em presença, nos seus múltiplos e complexos cambiantes, acaba por ser uma das resultantes mais claras da má assimilação russa da implosão da União Soviética. Com efeito, e diga-se o que se disser em matéria de motivações de transparência (glasnost) e reestruturação política (perestroika), é inquestionável que Moscovo nunca conseguiu lidar com uma tal ocorrência, designadamente quanto ao modo como ela deveria expectavelmente repercutir-se em termos de normalização do seu relacionamento com a vizinhança (e não só, aliás). A lógica imperial parece realmente estar na massa do sangue russo e o Lenine do imperialismo como “estádio supremo do capitalismo” foi mesmo só um pequeno e descartável incidente de percurso...

(a partir de http://www.lemonde.fr https://www.publico.pt)

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