(Nicolas Vadot, http://www.levif.be)
Temo bem que seja esta a América verdadeira, meu caro António Figueiredo! Não que a América multicultural não deixe de ter uma expressão visível, intelectualmente fascinante e até civilizacionalmente vanguardista, mas porque sempre vai sendo a América fechada sobre si própria no interior do país a prevalecer na hora da verdade das grandes decisões (seja pela força dos números puros e duros ou pelas condicionantes que, de facto, acaba por impor). Obama e Clinton foram interregnos que, se bem avaliados nos seus saldos de mandato, lograram até bem menos do que o que prometiam e do que deviam ter podido. A realidade é esta também, e muito provavelmente, porque a América Democrata é igualmente mais aberta e diversa em termos políticos do que a América Republicana (que, à última, se verga perante a expressão de interesses e valores conservadores fundamentais e a força inebriante do poder – veja-se o que está a suceder com o passeio deste reinado de Trump). Decorre de tudo isto que a questão fundamental para a definição de um futuro de alguma esperança irá ser aquela que nos tempos mais próximos se vai negociar e decidir nos bastidores do Partido Democrata, ou seja, nos compromissos, nas alianças e nas escolhas que possam ou não conferir um máximo de consistência e solidez à sua candidatura presidencial de 2020 contra um Trump predador e que já logrou a sua parte por via da concretização de um take over, afinal pouco hostil, sobre o Partido Republicano.
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