Desconheço se existe ou não um acréscimo de tensão entre Marcelo e Costa, embora tenha ouvido as referências deste à “ansiedade” daquele e não me tenha passado despercebida uma rara irritação do Presidente quando abordado sobre a matéria em causa. Parece-me, isso sim, que a Defesa Nacional não devia ser foco de tensões nem motivo de derrubes de ministros num país em período de paz duradoura e sem dimensão capaz de a justificar como minimamente estratégica.
Talvez por isso me vieram à cabeça reminiscências de traumas antigas, recuperados daqueles tempos em que os jovens portugueses eram chamados a ir “combater pela Nação” nos territórios do “Ultramar” – uma época, essa, em que os “Boinas Verdes” (alcunha do Batalhão de Caçadores Paraquedistas da Força Aérea Portuguesa que havia sido criado nos anos 50 pelo sinistro Kaúlza de Arriaga) se tornaram, a partir da sua base de transporte e treino de Tancos, uma das unidades mais ativas e decisivas nos teatros africanos de operações.
Mas, abandonando passadismos para voltar ao assunto ora essencial, devo ainda confessar que apenas estou moderadamente curioso sobre quem quer calar Marcelo, porque terá sido ele enganado pelo ex-diretor da PJ Militar ou quais os “jogos de poder” a que ele se reportava no dia em que Lisboa assistiu a um “desfile militar como a nossa democracia nunca tinha visto”. Mas também não creio que a Comissão Parlamentar que Telmo Correia irá encabeçar venha a ser capaz de nos proporcionar esclarecimentos cabais.
(Vasco Gargalo, https://www.sabado.pt)
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