terça-feira, 20 de novembro de 2018

THE SHAME OF UK POVERTY



(O tema é demasiado importante para o largar com facilidade. Em linha com Simon Wren-Lewis no Mainly Macro (link aqui), uma das vozes mais consistentes contra a aberração da austeridade no Reino Unido, ficam mais duas citações do relatório Alston. Apenas duas citações para registar a importância do relatório.)

Aqui vão os excertos:

“Embora a disponibilização de segurança social aos que precisam constitua um serviço público e uma âncora crucial para prevenir que as pessoas caiam em situação de pobreza, as políticas que foram praticadas desde 2010 são regra geral discutidas sob a rubrica da austeridade. Mas este enquadramento conduz-nos a uma direção errada. No domínio das políticas relacionadas com a pobreza, a evidência leva-nos a concluir que a força impulsionadora não tenha sido económica, mas antes um compromisso de concretizar uma reengenharia social radical. Governos sucessivos trouxeram uma mudança revolucionária quer no sistema que proporciona níveis mínimos de igualdade e justice social aos Britânicos e especialmente nos valores que o suportam. Elementos- chave do contrato social de Beveridge do pós- guerra estão a ser objeto de uma reviravolta. No processo, alguns bons resultados foram certamente atingidos, mas uma grande miséria foi desnecessariamente provocada, especialmente nos trabalhadores pobres, nas mães solteiras que lutam contra poderosos fatores adversos, em pessoas com deficiências que são já objeto de marginalização e em milhões de crianças que estão a ser encerradas num ciclo de pobreza do qual muito dificilmente poderão escapar”.

Sublinho “reengenharia social radical”, acrescentarei eu ditada por um sentimento de superioridade e de casta.

E ainda um excerto mais direto:

“A compaixão Britânica por aqueles que estão a sofrer foi substituída por uma abordagem punitiva, inspirada no princípio da demonstração de recursos e frequentemente insensível aparentemente destinada a introduzir disciplina onde ela é menos necessária, para impor uma ordem rígida às vidas dos menos capazes de lidar com o mundo de hoje e estabelecer o objetivo de obrigar a uma aceitação cega no que respeita a uma preocupação genuína horar o bem-estar dos que se situam nos mais baixos níveis da sociedade Britânica”.

Sim, de facto, todas as tentativas que conheço de introduzir na política social para os mais desfavorecidos condições sujeitas a demonstração de recursos (as célebres políticas “means tested”) geraram situações tremendas de injustiça e foram utilizadas como primeiras ações para o desmantelamento de tais políticas.

Que seja um relatório das Nações Unidas a demonstrá-lo fica bem e está em linha com a consciência social do seu Secretário –Geral. Um louvor por isso ao relatório de Philip Alston.

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