A morte de Bernardo Bertolucci – “o último imperador do cinema italiano”, parafraseando o “Público” numa feliz evocação simultânea de uma das suas obras maiores e dos grandes realizadores italianos já desaparecidos (Pasolini, Visconti, Rossellini, Fellini e Antonioni) – não podia passar em claro neste espaço. E com o meu colega preso em mais uma etapa da sua vida de andarilho, assumo essa obrigação com o devido sentido de responsabilidade e a inerente tristeza. Não irei ao ponto de afirmar que “não se pode viver sem Bertolucci”, como o fez de modo comovente o produtor Paulo Branco, mas sempre sublinharei o merecimento reverencial devido a quem passou por este mundo e nos legou uma obra que inclui “Antes da Revolução” (1962), “A Estratégia da Aranha” (1970), “O Conformista” (1971), “Último Tango em Paris” (1972), “1900” (1976), “O Último Imperador” (1987), “Um Chá no Deserto” (1990), “O Pequeno Buda” (1993), “Beleza Roubada” (1996) e “Os Sonhadores” (2003). Podia procurar encontrar uma sequência lógica neste trabalho mais focado na qualidade do que na quantidade, como podia tentar ligá-lo às fases da vida pessoal ou ao seu contexto envolvente, mas prefiro ficar-me pela suficiência desta evocação singela e por um apelo às intermináveis e inapagáveis memórias que por ela perpassam.
(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)
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