quinta-feira, 8 de novembro de 2018

SUCESSOS, O TREMENDO E O OUTRO


Na noite passada, só consegui deitar-me no momento em que a CNN anunciou a sua previsão de que os Democratas ganhariam a maioria no Congresso, algures pelas três e meia da madrugada. Foi reconfortante a sensação assim resultante de que as metamorfoses e atrocidades de Trump irão passar a ter um contraponto democrático audível e, muito provavelmente, uma expressão mais contida ou menos impactante.


Passadas as primeiras horas de emoção positiva, é claro que a razão impõe análises mais objetivas e mais aprofundadas – concretizo, de modo telegráfico: o essencial daquilo a que vamos assistir na política americana irá acontecer dentro do Partido Democrata, seja pela forma como se venham a contar as espingardas entre as suas diferentes alas (a mais radical poderá ter perdido algum pé com as derrotas do Texas e da Florida, nomeadamente, mas a variedade não deixa de imperar nas performances logradas pelas figuras relevantes dos setores mais moderados), designadamente em relação à sua porta-voz no Congresso Nancy Pelosi (mantendo-a ou substituindo-a) mas também quanto ao conteúdo da sua estratégia de oposição em relação ao presidente (mais confrontacional ou mais colaborante) ou no tocante aos taticismos em jogo em virtude de manifestações de vontade pessoal e de grupo visando a candidatura presidencial de 2020.

De momento, aquilo que sabemos é apenas que se confirmou que o voto democrata permanece dominantemente urbano e que foi visível que tiveram largo vencimento as apostas nos jovens, nas mulheres e nas minorias (alguns dos exemplos mais elucidativos constam das oito fotos e duas caricaturas abaixo, no caso circunscritas a firsts centrados na dimensão feminina, bem assim como das outras quatro fotos reportando grandes vitórias em terreno republicano), tudo isto num quadro altamente complexo em que as situações concretas apresentam múltiplas exceções e motivos para observações mais finas. A movimentação das pedras no xadrez político americano vai ser fascinante nos próximos dois anos e proporcionará indiscutivelmente matéria fértil para reflexões, ensinamentos e elucubrações dos mais diversos tipos.


(Agustin Sciammarella, http://elpais.com)

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