terça-feira, 22 de setembro de 2020

PENETRAÇÃO DA CHINA NA ECONOMIA EUROPEIA

(Hanna Barczyk, https://www.economist.com)

 

Na semana passada, a União Europeia (UE) e a China voltaram com alguma pompa a um diálogo bilateral tanto mais imperioso quanto domina no mundo esse clima de guerra comercial que se tornou uma pesada imagem de marca de Donald Trump. A consecução de algum reequilíbrio adicional nas relações sino-europeias seria efetivamente um passo desejável e de previsíveis consequências muito positivas para a estabilidade da economia mundial, sendo contudo também certo que existem fatores importantes de dificuldade nessa perspetiva de aprofundamento da ideia de “rival estratégico sistémico” com que a UE passou a qualificar a China desde o último ano; para além da questão de princípio associada ao respeito pelos direitos humanos (ou à falta dele no gigante asiático) e da crescente desconfiança em relação à China que se vai observando em todos os meios relevantes da influente sociedade alemã, há uma inquietação essencial que tem vindo a emergir de modo avassalador no quadro europeu: o do enorme crescimento da presença chinesa na economia europeia (estima-se ter acontecido um investimento de 150 mil milhões de euros na década 2010-2019) e o correspondente peso estrutural que dele já decorre em múltiplos países e setores de atividade.

 

Os gráficos da “Politico” (ver abaixo) são disso mesmo elucidativos, quer em termos de fluxos de investimento neste século (onde é visível o largo predomínio do Reino Unido, com Portugal a ocupar um oitavo lugar tão pouco descansativo quanto surge como quarto em termos ponderados pela dimensão da sua economia) quer em termos de stock (onde é visível a dominância dos destinos alemão e francês, com Portugal a já ocupar um nono lugar absoluto e um sexto em termos ponderados). Uma matéria que deve exigir, pois, atenção e foco por parte da política externa europeia (agora a cargo de um cinzento Dombrovskis) e uma matéria que dá que pensar quanto ao que foram as incompreensíveis anomalias desses trágicos anos troikistas que nos impuseram sem apelo e com a vacilação colaborante das autoridades nacionais.



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