sábado, 5 de setembro de 2020

APRENDIZAGEM EM TEMPO REAL

Muito chamativa a forma como o gráfico acima ilustra a diferença entre a União Europeia e os EUA no modo como os respetivos responsáveis lidaram com o mercado de trabalho no contexto da atual crise. Trata-se, como é evidente, de uma observação de dimensão conjuntural, sobretudo na medida em que os “esquemas de retenção” utilizados em muitos países europeus impediram visivelmente o pior em matéria de perdas de postos de trabalho mas com potenciais efeitos subsequentes que estão ainda por verificar. Mas também porque a brutal subida da taxa de desemprego americana, na ausência de tais esquemas, tem vindo a dar sinais de visível recuperação no espaço de poucos meses.

 

Vivemos notoriamente tempos de experimentação. Vejamos um outro exemplo interessante, igualmente associado à atual crise e decorrente da clara evolução em alta do euro face ao dólar. Embora tal evolução não pareça nada de historicamente muito marcante, ela tem foros de alguma complexidade por via dos tempos incertos que se vivem: a alta do euro penalizará as exportações europeias e dificultará a recuperação económica (a UE é a economia mais aberta do mundo e depende relativamente mais do que outras da procura global), tenderá a ser um fator tendencialmente deflacionista (e a deflação já anda por aí!) e não deixará, portanto, de ser um elemento de pressão no sentido de crescente estimulação monetária por parte do BCE (quando este já anunciou pretender descontinuar essa sua estratégia, em curso desde 2012 e sempre eivada de periclitâncias como as incursões do insaciável Tribunal Constitucional Alemão). Ao que acresce, a este nível, um outro aspeto que já produziu também um efeito apreciador do euro (e que merece vir a ser glosado em outro post): o da mudança da política monetária da FED na passada semana, decidindo que vai passar a tolerar uma taxa de inflação mais alta (face à sua meta média de 2%) com vista a manter as taxas de juro baixas e a suportar o emprego e impulsionar a economia.

 

Procurarei voltar a temas destes, reveladores como são da grandiosidade dos desafios com que estamos confrontados e das respostas requeridas perante o desconhecido que nos invade...



(Ingram Pinn, http://www.ft.com)

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