sexta-feira, 18 de setembro de 2020

UMA QUESTÃO DE ORELHAS

 


(Não é exata e rigorosamente o que estão a pensar, gerado pela ligação mais pantanosa entre as opções do primeiro-Ministro de associar o seu bom nome a uma disputa eleitoral clubística e a liderança cada vez mais manhosa de um clube que tem pergaminhos. É algo que tem que ver com as minhas próprias orelhas).

A escolha do meu título de hoje tem alguma malícia, não o devo esconder. Em tempos em que deveríamos estar focados na mais difícil combinação, que alguma vez enfrentámos, de preocupações de curto-prazo com a necessidade de pensar o país para o longo prazo (apesar da incerteza estrutural que sobre ele paira), ou seja, conjugar a abordagem eficaz à segunda onda da pandemia em Portugal com as escolhas no horizonte 2030 e algo mais além, a imprudência de António Costa lançou-nos em mais um abismo de desperdício de recursos críticos. Ter um primeiro-Ministro tratado como se fosse um treinador de meia tigela despedido à primeira sucessão de piores resultados ou pela sua incapacidade de acomodar os caprichos da liderança não lembraria nestes tempos ao careca. Já agora pelo menos para levar a cura às suas últimas consequências espero bem que tal personagem (o da liderança clubística) seja claramente acusado e condenado. Isso vai seguramente valer-me algumas horas de azedume frente ao televisor, assistindo às consequências de tais acontecimentos sobre a prestação desportiva do glorioso SLB, hoje aqui instalado bem no horizonte visual da varanda do meu escritório de trabalho em casa, mas nestas coisas sou “schumpeteriano” até à raiz dos cabelos. Cure-se a ferida, fazendo com que se extirpe tudo o que é tóxico e uma bendita condenação encerraria a cena e colocaria LFV a gerir as suas dívidas, para que a recuperação seja mais sã, expurgando e destruindo o que não interessa.

Mas a minha referência às orelhas era ambivalente. Orgulho-me das minhas orelhas que são perfeitinhas e se amoldam como deve ser à minha cara lavada. Ou seja, não sou um orelhudo. Mas nestes últimos tempos, com utilização de máscara cada vez mais insistente (ainda esta semana tive que levar em cima com várias reuniões presenciais de trabalho com a dita, estimulantes todavia é o que vale), há algum problema entre as máscaras que andam pelo mercado e as minhas preciosas orelhas. Não há maneira da convivência entre a proteção e a minha anatomia estabilizar. Seguindo as orientações do nosso Ministério do Ambiente (la famille oblige …) para usar cada vez menos máscaras recicláveis, já que o desastre ambiental possível está a engrossar, tenho procurado as melhores certificadas pelo CITEVE (10 euros que são um mimo). Não tenho dúvidas (porque admiro muito o CITEVE) que a máscara cumpre todos os requisitos e exigências de segurança, é lavável, e até dizem que inativa o vírus (questão que dispenso de testar), mas quem preparou o produto ter-se-á esquecido de testar a sua acomodação com diferentes padrões de orelhas. Esta última versão referia progressão nos elásticos, mas não só o embaciamento dos óculos é um problema irritante, como a colocação da máscara nas orelhas é um bico de obra. Receio bem que, tendo em conta o longo período de utilização de máscara a que vamos estar submetidos, a anatomia facial dos portugueses que se debatem com este problema vá sofrer uma adaptação e que fiquemos com as orelhinhas à la “Herrera”, futebolista que passou pelo Dragão e que anda hoje pelo Atlético de Madrid e que causou ao SLB alguns estragos (na nossa baliza). O Herrera é conhecido pelas tais orelhinhas de abano, à Topo Gigio. Que me desculpe o CITEVE mas estou demasiado de bem com a vida para aceitar que as minhas perfeitas orelhinhas se abram para um modelo de abano próprio de figuras hoje nada recomendáveis (e não estou a falar do rato).

Ajudem por favor.

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