sábado, 19 de setembro de 2020

NEM TANTO AO MAR...

Não se trata hoje aqui de voltar ao assunto Rui Pinto enquanto tal; porque esse está a julgamento e dele se espera um veredito justo, à luz dos factos que objetivamente se apurarem e sem prejuízo das atenuantes colaborativas ou outras que forem de considerar. O meu ponto pretende ser outro: o lado revelador de uma sondagem sobre o caso Rui Pinto que faz emergir em toda a sua crueza uma dupla tendência cada vez menos surda que vai rastejantemente prevalecendo na sociedade portuguesa; falo do cruzamento entre uma irreparável descrença na Justiça e uma defesa do recurso a todos os meios ao alcance para que o crime possa ser levado a pagar – a questão mais preocupante, como é óbvio, tem a ver com a escassa distância que facilmente poderá existir entre desejáveis formas de melhorar o funcionamento da Justiça e defesas mais ou menos sórdidas de registos que desemboquem em demagógicas sagas justiceiras, estas ademais suscetíveis de efeitos perigosos e potencialmente explosivos em termos políticos.

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