(Não é bom sinal interessar-me de novo por gráficos pandémicos, mas é a vida. Na perspetiva mundial, a coisa deu uma grande volta relativamente aos meus últimos gráficos, já não sei de que data. Alegremente para Trump, os EUA já deram a volta dos 200.000 e o New York Times tem de pensar numa outra capa arrasadora.)
A primeira reflexão que me vem à cabeça passando os olhos pelos números é uma pergunta dura que nunca pensaria ter de colocar: que mais atrocidades precisam os americanos para compreenderem a torpe insensibilidade do seu Presidente? Será que a distribuição das 205.000 mortes já registadas é tão socialmente assimétrica que a base social de apoio de Trump foi poupada? Estamos a acumular tremenda e incómoda informação para perceber até que ponto pode chegar o poder de influência eleitoral do populismo mais boçal, o que sugere que não avaliamos a dimensão do fenómeno e a sua resistência à mais eficaz evidência (pensávamos nós) dos seus efeitos perniciosos, a chamada evidência letal.
Quanto à taxa de letalidade (por caso confirmado), apesar das tragédias latino-americanas (com o inenarrável México à frente), os valores atingidos no Reino Unido, na Itália, na Espanha e na Suécia mostram como o fenómeno bateu forte em terras europeias, talvez por força do seu envelhecimento. Deixou marcas e uma segunda onda anuncia o pior, apesar da mudança dos padrões etários de infetados.
Quanto à taxa de incidência, a reduzida população dos petrolíferos árabes, alguns dos quais com aproximação Trumpiana a Israel, vicia um pouco a distribuição. A América Latina entra em força na incidência e EUA e Brasil emergem cada vez mais irmanados no seu destino de dupla tragédia consentida.
A vertigem continua.
Cálculos a partir de https://www.worldometers.info/coronavirus/#countries
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