quarta-feira, 2 de setembro de 2020

UM BOOM EM PLENA CRISE

Referi aqui há dias que uma peça da estratégia político-eleitoral de Trump é o gás máximo com que aposta no apoio que lhe é essencial do grupo social dos mais ricos, o único capaz de contrapor otimismo à devastação pandémica. O gráfico que aqui trago hoje, pela mão de Robin Wigglesworth e do “Financial Times”, confere à lógica imediatista e desesperada de Trump uma racionalidade intuitivamente inexistente ao evidenciar as fortemente decrescentes expectativas do mercado quanto à evolução das taxas de juro de longo prazo a 10 anos (trata-se, assim, de uma espécie de common sense foundations no sentido de explicar o inconcebível recorde histórico do S&P 500 em plena crise sem precedentes da economia real).

 

Claro que aquele boom não pode ser considerado completamente desligado da realidade. Por detrás dele está um setor tecnológico próspero, seja pela sua dinâmica própria seja pela forma como as caraterísticas da crise notoriamente favoreceram os grandes operadores digitais – e as cinco maiores empresas do S&P 500 (Apple, Google, Amazon, Facebook e Microsoft) valem atualmente um quinto do referido índice, com a Apple a ter recentemente atingido uma espetacular capitalização bolsista de dois biliões de dólares. E há ainda os bancos centrais, no caso a FED e os seus sinais de que continuará a intervir no mercado à medida do necessário.

 

Ainda assim, não deixa de ficar perfeitamente sustentada a ideia-força com que foi interrogativamente titulado o gráfico que abre este post, a saber: o gráfico mais importante do mundo?


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