(Fim de semana com a neblina a anunciar a transição outonal, na maior incerteza que o outono alguma vez nos trouxe. Vou em busca de uma companhia musical à maneira. E vem-me à mão umas surpreendentes Quatro Estações.)
A vida de um consumidor-comprador compulsivo de música clássica está difícil. As grandes referências do mercado de compra foram-se perdendo na voracidade das perdas comerciais e do desaparecimento físico das principais lojas. No Porto primeiro e depois em Lisboa, uma após outra, foram desaparecendo os meus referenciais nas duas cidades. E a FNAC deixa bastante a desejar, não há vez que uma novidade discográfica possa ser encontrada. Há diferenças entre as lojas mas globalmente a pobreza dos escaparates é franciscana e algo deprimente. Eu sei que os downloads diretos que praticamente todas as editoras contribuem para esse panorama, mas a presença física do disco é cá para mim ainda insubstituível, seja o CD, seja o Vinyl.
Nos últimos tempos, a Presto Classical (link aqui)tem sido um refúgio. A newsletter semanal é de muito boa qualidade e a abrangência do seu catálogo de discos é reconfortante. Estou sempre na expectativa de que o Brexit e as suas trapalhadas comerciais me atrapalhem o fornecimento, mas até agora as encomendas têm chegado rapidamente e de modo seguro.
A violinista Arabella Steinbacher já tinha passado pelos meus radares que as revistas de música representam. Desta vez, aparecia-me com umas Quatro Estações que pensei inicialmente serem apenas mais uma interpretação da obra de Vivaldi, o que me fez hesitar. Mas uma análise mais atenta da referência permitiu-me concluir que Arabella Steinbacher, acompanhada uma rigorosa Münchener Kammerorchester (editora Pentatone), se tinha aventurado por um curioso contraponto entre as Quattro Stagioni de Vivaldi e as Quatro Estaciones Porteñas de Astor Piazzola (link aqui). Não me arrependi.
E tornou-se na melhor companhia para esta tarde outonal de todas as incertezas.
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