(Um início de setembro repleto de trabalho profissional e um artigo para a Associação Portuguesa de Desenvolvimento Regional para concluir tem-me afastado do blogue e das suas obrigações. O desaparecimento de Vicente Jorge Silva corta friamente um ambiente expectante, essencialmente marcado pelas grandes interrogações suscitadas pela abertura das escolas, correrá bem ou correrá mal?).
Expectante é o sentimento que melhor me descreve nestes dias, marcados pelo interrogante da abertura das escolas. Olhamos para Espanha e observamos que a abertura irá aí acontecer com índices elevadíssimos de novos casos, embora com fortes desigualdades de intensidade entre as regiões espanholas. Olhamos para a Alemanha e verificamos que essa abertura já aconteceu mais cedo e com índices muito mais baixos de novas incidências. Estamos assim no meio de dois referenciais, que queremos crer mais perto do caso alemão, relativamente bem-sucedido sem significar risco zero, antes pelo contrário.
O convívio mais próximo com os netos do Porto recorda-me que podemos vir a estar privados desse convívio durante alguns largos meses, por razões de justifica proteção preventiva. A FENPROF bem se tem afadigado em fazer crer que a situação de segurança das escolas não está assegurada, mas sinceramente o Mário Nogueira parece-me cada vez mais alguém em quem não se deve confiar, bolorento quanto baste e cada vez mais afastado de ser parte da solução, agravando-se a sua qualidade de parte do problema. O Ministro não é propriamente galvanizante mas acredito que a grande maioria das escolas estará a preparar profissionalmente as condições para acolher os estudantes e que o aparecimento de casos merecerá resposta atempada e estruturada para tornar irreversível a abertura.
Uma sociedade tem de fazer escolhas e a abertura das escolas parece-me que corresponde à escolha certa. Os Vieiras, Pintos da Costa e outros dirigentes futebolísticos que se danem, o futebol e a sua irracionalidade que espere e que há que ganhar forças para atravessar um longo inverno, que será longo não tenho dúvidas.
Entretanto, o desaparecimento de Vicente Jorge Silva é um corte de repercussões frias nesse estado expectante. Afinal, é todo uma geração que vai desaparecendo, uma molhada de gente que foi marcando a vida política, cultural e jornalística da transição para a democracia e da entrada pela democracia adentro com as esperanças partilhadas por muitos de que a modernidade democrática e, pelo menos a perceção do desenvolvimento nos seus contornos mais justos eram possíveis em Portugal.
Estes ambientes pré-eleitorais são terríveis e hoje ao ler a carta aberta de Marcelo ao VJS não consegui aferir se é uma carta genuína. Talvez seja e não me custa admiti-lo, mas ultimamente o Marcelo tem perdido para mim o seu estado de graça.
Acho que Ana Gomes faz bem em ir à luta para garantir que a eleição presidencial se transforme em plebiscito e que certos temas não são afastados do debate eleitoral. São razões suficientes para justificar que o PS possa abanar um pouco pelo menos em algumas das suas franjas. Não me parece que daí venha grande mal ao mundo, sobretudo se os temas de candidatura da Ana Gomes forem precisamente aqueles que teriam mais dificuldade em entrar em cena sem a sua candidatura. Isso não significa de modo algum que esteja a desvalorizar os dois anos difíceis que nos esperam.
Sem comentários:
Enviar um comentário