quinta-feira, 2 de janeiro de 2025

SE O RIDÍCULO FOSSE MÚSICA...

A existência de uma Mensagem de Ano Novo do Presidente da República é uma boa tradição, embora desde há muito tornada inofensiva – por um lado, porque a larga maioria dos portugueses escassa atenção lhe presta e, por outro lado, porque normalmente a sua substância é generalista e vaga, um pouco como o “Melhoral” que “não faz bem nem faz mal”.

 

Mas, e por muito que os titulares e intervenientes na “bolha” procurem disfarçá-lo, a mensagem de Marcelo deste início de 2025 assumiu proporções de acentuado descoco. Isto na medida em que, na sua penúltima mensagem ao abrigo do cargo, continuou a omitir o essencial: a necessidade cada vez mais imperiosa de reformarmos e transformarmos a nossa economia e sociedade; o que Marcelo substitui por exigências pias de execução do PRR, independentemente de qualquer especificação do que em tal poderia estar em causa. Ao que acresce a dimensão política propriamente dita, onde a ausência dá lugar ao queixume, aqui e ali mesclado com um certo tom de ameaça dirigido ao primeiro-ministro – sendo que o apelo ao “bom senso institucional” e à preservação da “cooperação estratégica” mais não representam do que o desespero de um “poderoso” acantonado nos seus fantasmas de isolamento e irrelevância. O Presidente afirmou ainda a sua preocupação com a pobreza no País, uma constante de todo o mandato sem que a ela tenha dedicado qualquer iniciativa com eficácia e razão de ser (sempre preferindo as inconsequentes ações populistas junto dos sem-abrigo). Por fim, a nossa primeira figura do Estado disse coisas óbvias sobre alguns dos temas da atualidade (“é preciso melhorar a educação e a saúde”) e evitou claramente tratar de outros (seguração e imigração, nomeadamente), quiçá para não atiçar o “Chega”, além de ter referido meras banalidades acerca da situação internacional (do impacto do regresso de Trump à necessidade de uma Europa com peso militar próprio) – aqui, estava a falar para quem em matérias que praticamente não dependem de Portugal?

 

Crescentemente indómitos, os comentadores televisivos e radiofónicos bem se esforçam por ir dando um sentido às permanentes e intrometidas presenças de Marcelo nas nossas casas, embora graças a Deus infrutiferamente  – ainda hoje ouvia Ângela Silva no “Expresso da Manhã” e pensava em quão limitado, ou condicionado (deliberadamente ou não), tem de ser o racional analítico (e até a desfaçatez!) desta gente para dizer o que diz sem pensar em se colocar “orelhas de burro” pela forma incompetente e despudorada como exerce a profissão ao serviço de agendas estranhas e que já não são deste século...

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