segunda-feira, 20 de janeiro de 2025

INAUGURATION DAY

(Agustín Sciammarellahttp://elpais.com) 

As datas agendadas acabam sempre por chegar a concretização e, quando assim não acontece, algo está mal e não é grande sinal... Ora aí temos o 20 de janeiro de 2025, que irá assistir daqui a pouco à posse de Donald Trump num Capitólio repleto de extremistas de direita vindos de todos os lados do mundo para consagrarem o início de uma “nova era” que reputam de verdadeiramente esperançosa para as suas reacionárias, nacionalistas e implacáveis hostes.

 

Bem a propósito, quero aqui recordar aos nossos leitores a oportunidade de seguirem nesta data a recomendação de leitura que lhes fiz num post de 4 de outubro de 2023 (“Caminhos de Desintegração”) significativamente centrado numa obra original e premonitória de Peter Turchin (“End Times”) que aborda arrepiantemente matérias vastas em torno da história e da realidade política americana e convergindo numa das suas bases argumentativas com a ideia a que aludiu Biden no seu discurso de despedida de os EUA estarem em risco de serem tomados pelos avanços de uma oligarquia – o que surge evidenciado pelo modo como toda uma casta de multimilionários e empresários das áreas tecnológicas se foi encostando a Trump e dando apoio às suas diatribes e provocações, com Elon Musk a ser o campeão desse inconcebível projeto de poder infestado de conflitos de interesses (“Musk e Silicon Valley chegam a Washington”, titula o “Público” de hoje).

 
(Gabriel Sánz, https://www.elmundo.es)

(Nicola Jennings, https://www.theguardian.com) 

Os menos pessimistas persistem em sublinhar os checks and balances que, independentemente da concentração de poderes para o lado de Trump, caraterizam e defendem uma democracia sólida e estabilizada como a americana, assim desvalorizando os riscos de excessos demasiado graves e conducentes a uma qualquer mudança de regime. Mas a verdade mais realista é a de que o contexto favorece os autoritarismos e os abusos, seja porque a sociedade americana se vai mostrando alinhada com muitas das tresloucadas promessas de Trump (onde as questões migratórias e climáticas são especialmente melindrosas), seja porque a política à escala mundial se vai mostrando crescentemente orientada para radicalismos inflexíveis em relação a valores de solidariedade e humanidade, seja porque os caminhos geoestratégicos se vão mostrando cada vez menos compatíveis com práticas assentes na ordem e sã convivência dos povos. Num quadro desta natureza, nenhum receio de derrapagem perigosa pode ser visto como infundado ou improvável – moral da história: que o Senhor nos proteja!




(Patrick Chappatte, https://www.letemps.ch)

(Raquel Marin, https://elpais.com)

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