Depois de um acidente trágico e particularmente sugestivo da imensa e generalizada incúria que acompanha o dito processo português de modernização, tão cheio de espantosas maravilhas quanto pleno de desregulação básica, eis que a Carris resolve tomar uma medida de fundo e repleta de oportunidade e bom gosto, a saber: batizar um elétrico com o nome do guarda-freio falecido no descarrilamento do Elevador da Glória! Entretanto, crescem em número e imbecilidade os jogos de passa-culpas sem que ninguém se acuse por manifesta omissão no desempenho das suas responsabilidades (técnicas, de gestão ou políticas). Carlos Moedas – tão afoito na proclamação das suas duvidosas certezas em outras ocasiões e tão decidido a exigir a demissão de adversários em assuntos que lhe não diziam diretamente respeito e dele reclamariam algum pudor, por circunstancial que fosse– esconde-se, choroso, por detrás de Montenegro, o mesmo que tanto exigia do poder quando não era ele que o detinha – um teatro de baixíssimo nível, em que até Marcelo tem a distinta lata de se dar ao luxo de redefinir a ideia de responsabilidade política, uma peça realmente só compatível com a verdadeira imagem de um país que perdeu o rumo e não mostra grande preocupação em o reencontrar...
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