O retrato ilustrado de uma década de passagem presidencial falhada. Claro que os exemplos são inúmeros e de vária ordem, podendo ser facilmente multiplicados, mas o caso recente da Saúde é paradigmático: durante meses, Marcelo ameaçou com avaliações de uma ministra “em grande desgaste” e disso foi fazendo uso para efeitos de alimentação dos microfones; chegado o momento, que tudo indica seria ontem na Fundação para a Saúde, eis que o corajoso Presidente – sempre tão duro com os fracos... – preferiu o discurso vazio e forçadamente estadista ao prometido diagnóstico sobre o problema do encerramento de urgências e, mais genericamente, sobre a governação da ministra da Saúde Ana Paula Martins no último ano e meio.
“Acordo de regime” foi o coelho que Marcelo conseguiu tirar da cartola para que não ficasse sujeito a mais uma acusação de zero absoluto que ponha em causa a ilusão das aparências, ou seja, a desejada tranquilidade do seu final de mandato. Sendo que um tal acordo, nesta área como em tantas outras já enfrentadas pela nossa história democrática, é coisa complexa e em que o Diabo se esconde nos detalhes e não uma espécie de mezinha miraculosa para todos os males, proclamada à exaustão por agentes políticos que mais parecem relógios de repetição a ecoarem sem parar – e a verdade é que já começou, só hoje já tivemos Marques Mendes e Gouveia e Melo a associarem-se à douta palavra presidencial.


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