sábado, 18 de outubro de 2025

O PASSISMO COM SEGURO?

Algo me deve estar a escapar nesta recentíssima deriva segurista que parece em curso no país político passista e em certa liderança opinativa de dominância liberal. O “Expresso” desta semana é disso uma estranha e cabal ilustração, com a principal notícia de primeira página a anunciar a preparação de um apoio a António José Seguro por parte de nomes ligados a Pedro Passos Coelho (como Vasco Rato, Jorge Marrão e Pedro Gomes Sanches, com José Miguel Júdice por perto) e várias outras peças orientadas na mesma direção. Depois de Passos ter vindo a público informar que não vê razões para jurar apoio a Marques Mendes, ao que se seguiram algumas aparições pouco simpáticas para as hostes governamentais, estas notícias trazem certamente água no bico e não deixam de fazer com que nos cresça água na boca quanto ao que de improvável se poderá estar para aí a forjar neste País em que as invejas e as vinganças parecem valer bem mais do que as crenças e os princípios. Por outro lado, e para mim igualmente surpreendente, a crónica de Luís Aguiar Conraria (LAC) – um autoclassificado “liberal de esquerda” cujas intervenções publicadas o situavam, para mim, num lugar político difuso e até de escassa coerência, em contraste com a qualidade dos seus escritos em matéria económica – vem também acrescentar alguns pontos no mesmo sentido: “O meu voto para Presidente da República” apresenta-nos um LAC que desconhecia – erro meu? – e que não se permite quaisquer dúvidas em termos do seu patrocínio presidencial a Seguro: “Sublinho que o meu voto em Seguro não é um voto no mal menor. No início, desconfiei da sua candidatura, mas não foi por o ter em má conta. Foi por achar que o eleitorado o havia esquecido. As sondagens mostraram que eu estava errado: depois de Guterres e Costa – obviamente indisponíveis –, os candidatos à esquerda com mais hipóteses eram Centeno e Seguro.” E, portanto, assim conclui: “Voto em alguém de centro-esquerda, numa época em que ser moderado parece um crime de lesa-pátria. O país precisa de sensatez.” Tendo a concordar inteiramente com LAC, ainda que esteja um passo atrás do seu endorso por entender que o “independente, transparente e decente” Seguro tem a obrigação de ser mais afirmativo nas suas declarações, por forma a explicitar de modo insofismável o que o afasta completamente de Ventura (a decência?), largamente do Almirante (a transparência?) e significativamente de Mendes (a independência?) – sem o que não será capaz de arrastar uma franja de concidadãos suficiente para o conduzir até ao Palácio de Belém...

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