quarta-feira, 29 de outubro de 2025

OBRIGADO, JMT!

João Miguel Tavares (JMT) é dos bons intérpretes da atualidade em matéria de reflexão e análise sobre a realidade política, económica, social e cultural de Portugal. Por vezes condicionado pela necessidade de honrar as suas raízes de homem de Direita, o que o leva a posições nem sempre compreensíveis à luz da racionalidade e da isenção de que se reclama (e que quase sempre pratica), JMT não deixa de ser uma pedrada no charco que crescentemente é o nosso espaço público. Daí que, embora ainda não tenha lido a obra, o lançamento de um primeiro volume dedicado a José Sócrates, que intitula de “Ascensão 1975/2005”, me mereça uma saudação apriorística e independente dos termos concretos do resultado conseguido. Tem realmente de se reconhecer o caráter hercúleo do trabalho empreendido, aliás bem explicado no tocante aos seus variados objetivos intelectuais na excelente entrevista concedida a Bárbara Reis e publicada no P2 do último Domingo, e ademais a sua utilidade para a leitura do Portugal contemporâneo, que JMT judiciosamente qualifica como “das instituições fracas” – uma leitura que aqui tenho compartilhado com os frequentadores deste modesto espaço. Quanto ao mais, direi apenas que, tendo conhecido relativamente bem a atuação da figura de Sócrates, adiro completamente à ideia de fascínio pela sua personagem e de estarmos perante um homem com qualidades capazes de o terem levado a primeiro-ministro com maioria absoluta e “convertendo” as mais diversas figuras politicamente corretas do establishment que pulula o universo político-empresarial nacional; além de ficar com a curiosidade aguçada pelas “descobertas” que JMT terá feito em relação a múltiplos dossiês que – confirmo-o inteiramente – eram repetidamente falados mas sempre de forma ligeira e desculpabilizante perante a dura evidência dos factos e das manifestações de poder que tão criativamente eram exibidas pelo protagonista em causa. O meu obrigado, pois, a JMT!

Sem comentários:

Enviar um comentário