José Pacheco Pereira explica hoje na sua crónica do “Público” as razões pelas quais é peregrina, para não dizer democraticamente provocadora, a ideia de que Donald Trump possa alguma vez aspirar a ser galardoado com um Prémio Nobel da Paz. Mas, como aqui tenho vindo a sustentar, há um caminho a fazer-se nesse sentido, lamentavelmente com a cumplicidade de várias entidades responsáveis e credíveis.
A questão em torno de uma atribuição imediata poderá ter estado nos timings desfavoráveis que existiram entre as candidaturas e a escolha do júri, por um lado, e o alcançar do acordo entre Israel e o Hamas sob o alto patrocínio e a enorme pressa evidenciada pelas autoridades americanas, por outro. A opositora venezuelana María Corina Machado acabou por ser a personalidade apontada, não sem que a Casa Branca manifestasse o seu desacordo e Trump logo tivesse vindo afirmar que Corina lhe telefonara para lhe dedicar o prémio para que estava a ser nomeada (!).
O assunto sai assim das “gordas” mais imediatas mas o que não falta é quem continue a vaticinar, e mesmo a defender, que Trump levará a sua avante em tempos próximos a vir. Sob a capa de um processo que tem os seus lados positivos, naturalmente (porque paz é paz, se realmente o for sem equívocos), procura-se reconstruir a imagem de um Trump que veio perturbar a ordem internacional instalada e agitar a dinâmica político-social interna do seu país de um modo incompreensivelmente autoritário e agressivo. O mundo divide-se, pois, entre os que não resistem a um copo meio cheio e aqueles que funcionam em nome de causas e princípios cuja essência não deve ser objeto de questionamento – sob pena de assim se desvirtuarem séculos de conquistas civilizacionais...



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