quinta-feira, 2 de outubro de 2025

POR TERRAS ALGARVIAS

 

(A ilusão de adiar a decrepitude leva-me nesta altura do ano a gozar o fôlego dos três últimos dias de férias e participar nos campeonatos nacionais de veteranos de ténis, mais propriamente no escalão do topo dos cotas, os mais de 75 anos, não sabendo se a federação com o aumento de esperança de vida estará a pensar em novos escalões. Um apartamento de pessoa amiga em Vilamoura e a sua proximidade aos teatros de operações, este ano em Vale de Lobo, no campus da Vila do Lago e no complexo de Loulé, possibilitam alguns momentos de lazer e de competição, movimentando uma vasta gama de jogadores e jogadoras. A Academia de Ténis de Vilamoura, onde joguei ontem ao fim da tarde um amigável de pares, está em remodelação parcial, estimando que tenha sido por essa razão a ficar de fora dos locais para a realização dos campeonatos. O contexto para a reflexão nestas terras algarvias proporciona uma visão mais distante dos problemas do país e se não. foram os cartazes para as autárquicas dir-se-ia que o vendaval de crescimento do Chega por estas paragens é algo de oculto e de fraca expressão. Desde os tempos em que tive bastante trabalho profissional nesta região, sobretudo para a Associação de Municípios do Algarve (AMAL) e para o município de Loulé, em que as receitas fiscais provenientes do imobiliário continuam no auge, os grandes problemas da Região persistem. O turismo continua expressivo e a marcar a paisagem urbana e obviamente também a costeira. O modelo é o mesmo. A Região continua sem expressão e VOZ políticas salientes e não abundam pessoas com visão estratégica como era por exemplo o caso do Vítor Neto que chegou a ser Secretário de Estado do Turismo: Leio nos poucos jornais que se apanham por aqui que o Hospital de Faro continua fiel aos seus problemas, registando a notícia a existência de más práticas, continuando o problema da baixa atração de novos médicos. É possível visualmente reconhecer a presença na Região de praticamente todos os grupos privados de saúde (Hospitais Privados do Algarve, Lusíadas, Luz Saúde e só não tenho a certeza se o grupo CUF também estará por cá) numa crónica anunciada de onde existem vazios na oferta pública de saúde o privado preenche-as. Pressuponho que face à abertura de tantas unidades privadas, tais unidades estarão a superar os problemas de atração de médicos à região. Persistem também os problemas conhecidos de formação de uma nova base produtiva exterior às conexões com o turismo e com o setor imobiliário. Pouco ou nada mudou, afinal).

O tempo está de uma amenidade notável, convidando ainda para a praia e, por tudo isto, intuo que não seja fácil fazer política e convidar os cidadãos a uma maior participação política. Não sei dizer, entretanto, se os estrangeiros já residentes mantêm com a vida política local alguma dinâmica de colaboração. Em tempos passados, confirmei que em S. Braz de Alportel uma pequena comunidade de residentes estrangeiros era praticamente responsável pela animação cultural da vila e do concelho.

Tentando manter viva a reflexão política, apercebo-me pelo que vou lendo e ouvindo que as autárquicas não são ainda favas contadas para ninguém. Tanto poderemos ter uma noite eleitoral com ganhos da AD a ponto de poderem determinar a conquista da Associação Nacional de Municípios, como poderemos ter surpresas de resiliência por parte do PS, embora se intua que o governo entrará fortemente na campanha, procurando com a Lei dos Estrangeiros pescar votos na onda securitária protagonizada pelo Chega. Esta venda da alma social-democrata promovida por Montenegro e o seu acólito Leitão Amaro vai custar-lhes caro a prazo. A discussão do orçamento de Estado aproxima-se e não é possível saber se esta venda da alma social-democrata ao Chega veio com efeitos atrelados de dependência.

 

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