domingo, 11 de agosto de 2019

CURIOSIDADES FUTURAS



(O Expresso deste fim de semana trouxe-nos notícias sobre as quais vale a pena refletir na perspetiva do que poderão futuramente representar. Refiro-me, claro está, às notícias sobre os candidatos portugueses a Comissário (a) Europeu (eia) e à sucessão de Carlos Costa no Banco de Portugal.)

Quando Ursula von der Leyen ganhou a corrida para a Presidência da Comissão Europeia e vincou nesse contexto o princípio de uma Comissão com igualdade de género na sua composição intui, então, que Pedro Marques poderá ter levado com um tiro no porta-aviões das suas ambições. Pensei nessa altura que Maria Manuel Leitão Marques pudesse ter algumas hipóteses nessa matéria, principalmente porque parti do princípio de que o futuro de Elisa Ferreira passaria pelo lugar de Governadora do Banco de Portugal ou até ministra das Finanças caso Centeno tivesse de zarpar para outras paragens. Não é que obviamente não pensasse que a função de Comissária Europeia constituiria uma projeção natural do valioso conhecimento e experiência que a Elisa Ferreira possui sobre as questões e a questão comunitária em geral. Para além disso, a candidatura de Elisa Ferreira, para além de substancialmente mais robusta do que a de Pedro Marques proporciona a Portugal uma maior flexibilidade de campos possíveis, ou seja, inclui aqueles a que Pedro Marques poderia aspirar mas acrescenta outros a que o candidato manifestamente não pode perfilar-se.

Mas, ou muito me engano, ou a notícia do Expresso é ardilosa e tem algo que se lhe diga. É que a notícia da indicação de Elisa Ferreira e Pedro Marques como nomes que terão sido propostos a Ursula von der Leyen e sido já objeto de entrevistas informais com a futura Presidente da Comissão não fica por aí e é dada com referência à por mim já referida sucessão de Carlos Costa no Banco de Portugal.

Se a eventual passagem a Comissária Europeia de Elisa Ferreira significar a anulação da possibilidade de poder vir ser Governadora do Banco de Portugal, então abre-se um dossier simultaneamente relevante e interessante que é a escolha de outros candidatos possíveis. Sinceramente, não me parece fácil a emergência de nomes que mantenham em nível relativamente elevado em matéria de personagens o acesso aquele posto. E, além disso, o país não parece ainda em condições de seguir um modelo de concurso internacional. O concurso para a Direção de Estudos do Banco de Portugal não correu bem na altura e recordo que surgiram aí as relações menos amistosas entre o atual governador e Mário Centeno. A decisão de não atribuir a referida Direção a Mário Centeno nunca a entendi.

Mas a notícia do Expresso, sorrateiramente, aventa uma possibilidade. O também vice-Governador do Banco de Portugal Máximo dos Santos, conotado na notícia com grande proximidade a António Costa, aparece pela primeira vez referenciado como um candidato potencial.

E, já que estamos em matéria de intuição, alerto para o facto do personagem em causa, Máximo dos Santos, não ter tido até ao momento escrutínio que se veja pela imprensa económica e geral em Portugal. Arriscaria a prever que em torno desse nome poderíamos encontrar muitas das razões explicativas das enormes dificuldades encontradas pelo atual governador, sobretudo do ponto de vista do seu relacionamento com os media, isto sem obviamente descartar as suas possíveis culpas no cartório.

Não acham estranho que um vice-governador do Banco de Portugal tenha um escrutínio praticamente nulo da sua intervenção na instituição?

Eu cá acho muito estranho e há aqui alguma coisa que me cheira a esturro. E já não estou a seguir a perspetiva cabalística de que a indicação de Elisa Ferreira para Comissária Europeia tenha representado para António Costa a possibilidade de colocar na instituição alguém que lhe é francamente próximo.

Para memória futura.

Esclarecimento final: em matéria de conflito de interesses, tenho a comunicar que tendo eu um relacionamento relativamente quer com Carlos Costa, quer com Elisa Ferreira, esta reflexão é, no entanto, exclusivamente produto da minha intuição, sem qualquer informação adicional do que aquela versada na notícia do Expresso.

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