(O Expresso deste fim de semana trouxe-nos notícias sobre
as quais vale a pena refletir na perspetiva do que poderão futuramente
representar. Refiro-me, claro está, às
notícias sobre os candidatos portugueses a Comissário (a) Europeu (eia) e à
sucessão de Carlos Costa no Banco de Portugal.)
Quando Ursula von der Leyen ganhou a corrida
para a Presidência da Comissão Europeia e vincou nesse contexto o princípio de
uma Comissão com igualdade de género na sua composição intui, então, que Pedro
Marques poderá ter levado com um tiro no porta-aviões das suas ambições. Pensei
nessa altura que Maria Manuel Leitão Marques pudesse ter algumas hipóteses
nessa matéria, principalmente porque parti do princípio de que o futuro de
Elisa Ferreira passaria pelo lugar de Governadora do Banco de Portugal ou até
ministra das Finanças caso Centeno tivesse de zarpar para outras paragens. Não
é que obviamente não pensasse que a função de Comissária Europeia constituiria
uma projeção natural do valioso conhecimento e experiência que a Elisa Ferreira
possui sobre as questões e a questão comunitária em geral. Para além disso, a
candidatura de Elisa Ferreira, para além de substancialmente mais robusta do
que a de Pedro Marques proporciona a Portugal uma maior flexibilidade de campos
possíveis, ou seja, inclui aqueles a que Pedro Marques poderia aspirar mas
acrescenta outros a que o candidato manifestamente não pode perfilar-se.
Mas, ou muito me engano, ou a notícia do
Expresso é ardilosa e tem algo que se lhe diga. É que a notícia da indicação de
Elisa Ferreira e Pedro Marques como nomes que terão sido propostos a Ursula von
der Leyen e sido já objeto de entrevistas informais com a futura Presidente da
Comissão não fica por aí e é dada com referência à por mim já referida sucessão
de Carlos Costa no Banco de Portugal.
Se a eventual passagem a Comissária Europeia
de Elisa Ferreira significar a anulação da possibilidade de poder vir ser
Governadora do Banco de Portugal, então abre-se um dossier simultaneamente relevante e interessante que é a escolha de
outros candidatos possíveis. Sinceramente, não me parece fácil a emergência de
nomes que mantenham em nível relativamente elevado em matéria de personagens o
acesso aquele posto. E, além disso, o país não parece ainda em condições de
seguir um modelo de concurso internacional. O concurso para a Direção de
Estudos do Banco de Portugal não correu bem na altura e recordo que surgiram aí
as relações menos amistosas entre o atual governador e Mário Centeno. A decisão
de não atribuir a referida Direção a Mário Centeno nunca a entendi.
Mas a notícia do Expresso, sorrateiramente,
aventa uma possibilidade. O também vice-Governador do Banco de Portugal Máximo
dos Santos, conotado na notícia com grande proximidade a António Costa, aparece
pela primeira vez referenciado como um candidato potencial.
E, já que estamos em matéria de intuição,
alerto para o facto do personagem em causa, Máximo dos Santos, não ter tido até
ao momento escrutínio que se veja pela imprensa económica e geral em Portugal.
Arriscaria a prever que em torno desse nome poderíamos encontrar muitas das
razões explicativas das enormes dificuldades encontradas pelo atual governador,
sobretudo do ponto de vista do seu relacionamento com os media, isto sem obviamente descartar as suas possíveis culpas no cartório.
Não acham estranho que um vice-governador do
Banco de Portugal tenha um escrutínio praticamente nulo da sua intervenção na
instituição?
Eu cá acho muito estranho e há aqui alguma
coisa que me cheira a esturro. E já não estou a seguir a perspetiva cabalística
de que a indicação de Elisa Ferreira para Comissária Europeia tenha representado
para António Costa a possibilidade de colocar na instituição alguém que lhe é
francamente próximo.
Para memória futura.
Esclarecimento final: em matéria de conflito
de interesses, tenho a comunicar que tendo eu um relacionamento relativamente
quer com Carlos Costa, quer com Elisa Ferreira, esta reflexão é, no entanto,
exclusivamente produto da minha intuição, sem qualquer informação adicional do
que aquela versada na notícia do Expresso.
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