Em Espanha, e enquanto um governo tarda e novas eleições legislativas se vão tornando altamente prováveis, Madrid surgiu esta semana como um contrabalanço à direita perante a dominação nacional da esquerda em geral e do PSOE em especial. Com efeito, o PP logrou constituir a sua militante Isabel Díaz Ayuso como presidente da Comunidade, na sequência de uma coligação com o “Ciudadanos” e de um acordo com o “Vox”.
Nada disto teria muito de particularmente inédito, não fora o facto de Ayuso – uma política que vai agora iniciar a sua grande prova de fogo – se apresentar como defensora de uma integral liberdade de atuação do recentemente aparecido partido espanhol de extrema-direita mas, e em simultâneo, de liberdades fraturantes do ponto de vista social e nunca antes minimamente consentidas no seu lado conservador do espetro político, como é o caso dos direitos LGBT. O que apenas aqui relevo porque assim deixo ilustrada uma tendência que julgo em crescendo nas nossas sociedades atuais: opções programáticas e eleitorais menos ideológicas e mais determinadas por “valores” de outra natureza, desafiando a rigidez dos partidos tradicionais.
E, se não estou a ver mal, ou será assim ou a alternativa será pior porque mais potencialmente portadora de populismos incontroláveis – nós por cá, também neste plano vamos resistindo sem saber como, contentando-nos com as voltas de um partido inicialmente centrado nos animais, que depois se abriu à problemática da natureza e que agora se vai institucionalizando por via da incorporação de algumas preocupações com problemas básicos das pessoas; e só Deus e Costa sabem até onde o PAN irá...
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