quarta-feira, 21 de agosto de 2019

TEMPO DE SUSPENSE EM ITÁLIA


Tudo o indicava e os jornais de ontem já abertamente o indiciavam, mas caiu como uma bomba quase imprevista a extremamente ruidosa sessão de ontem do Senado italiano: Conte bateu com a porta! Além do mais, vários elementos não eram igualmente previstos, especialmente o libelo acusatório, e não só em termos políticos mas também de caráter, do agora ex-primeiro-ministro contra Salvini.

Agora, o que resta são ainda incógnitas. Il Capitano declarou-se “um homem livre sem medo do julgamento dos italianos”, acrescentando ainda que “aqueles que têm medo de ir para eleições são menos livres” e reafirmando bem alto o seu euroceticismo (“somos a nação mais bonita e potencialmente a mais rica do mundo, e estou farto do facto de que toda a decisão tenha que depender da assinatura de algum funcionário europeu”). Do outro lado, Di Maio tenta sobreviver colando ao Partido Democrático, agora liderado por um pouco convencido Nicola Zingaretti mas ainda muito tributário das posições totalmente anti-Salvini de um Matteo Renzi que não agrada à maioria dos apoiantes do “Cinco Estrelas”. No meio, a arbitrar, o presidente Sergio Mattarella, que ainda poderá optar por uma solução independente tipo Monti 2012/13.

Em alguns meios italianos fala-se de que a atitude de Giuseppe Conte lhe concede favoritismos vários: para liderar um governo de coligação contra Salvini, para liderar um governo independente de iniciativa presidencial e até para ser apontado como o comissário italiano na equipa de Ursula von der Leyen. Ou seja, e como escrevia ontem a “The Economist”: no one knows what comes next e Salvini may not get the election he wants


(Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)

(cartoon de Emilio Giannelli, http://www.corriere.it)

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