terça-feira, 27 de agosto de 2019

NO DIA E À HORA


Tivesse a minha pessoa uma dimensão narcísica minimamente comparável à de alguns passarões que tão lamentavelmente esvoaçam sobre a nossa praça – se Deus me der vida e saúde, ainda um dia a propósito deles e da sua ridícula circunstância me hei de pronunciar alto e bom som – e estaria hoje a vir aqui queixar-me de que o meu campo de liberdade neste espaço foi alvo de um novo e definitivo ataque terrorista externo. Com efeito, e depois de todos os cuidados que sucessivamente me foram sendo impostos – ou, talvez mais justamente, autoimpostos – em matérias europeias, financeiras ou regionais, além das próprias questões políticas em sentido mais ou menos estrito, eis que terei sido agora atingido por uma daquelas trovoadas insuscetíveis de proteção adequada por maior que possa ser a capacidade preventiva do para-raios ao meu alcance. Mas não, a sanidade mental que me resta não permite, felizmente, que vá por aí. Assim, avaliarei simplesmente as reais implicações da nova situação com que estou confrontado – até porque não gostaria de me sentir obrigado a transformar esta minha presença bloguista e cidadã, aliás já bastante longa, numa caricatura do que ela prometeu e, julgo, tem vindo a conseguir cumprir com razoabilidade e sem grandes alardes –, sendo que é preciso dizer hoje com frontalidade que encaro a causa direta dessa mesma nova situação como um inequívoco motivo de admiração e orgulho. Ponto final.

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