terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A ÚLTIMA TRAGÉDIA GREGA NO CINEMA


Tinha curiosidade em ver o filme que Costa-Gravas – o realizador que fez “Z”, “Estado de Sítio”, “Missing” ou “O Quarto Poder”, p.e. – construiu a partir do livro em que Varoufakis (“Adults in the Room”) relata a sua experiência de menos de seis meses no ministério grego das Finanças e, em consequência, nos corredores daquele terrível poder europeu. Para não jurar falso, dei uma fugida ao “Arrábida” e confesso que gostei do que vi. Não é uma obra daquelas, mas é um trabalho sério e que se vê com agrado, seja pela interessante reconstituição dos acontecimentos – mesmo que na versão unilateral de Varoufakis, que Costa-Gravas assume incondicionalmente como a do seu “cavaleiro branco” –, seja porque nos reconduz de novo ao âmago daqueles dias e à dúvida persistente quanto ao quantum de abalo que o sistema permite. E depois, como escreveu um crítico francês, porque mostra a desconhecida violência das trocas de mimos que ocorrem em meios aparentemente controlados: “não se imaginam as demonstrações de poder, os nomes de pássaros, os insultos que eles usam entre eles, nem a brutalidade das cimeiras diplomáticas” – um aspeto muito instrutivo e até quase fascinante de observar. Vale a pena ir ver aquela que será talvez a primeira longa-metragem sobre a crise da Zona Euro e o seu especial impacto na Grécia.

Sem comentários:

Enviar um comentário