terça-feira, 24 de dezembro de 2019

NATAL



 (A crónica de José Tolentino Mendonça na Revista do Expresso é uma interpelação pertinente não só aos crentes, mas também aos não crentes. Vale a pena pensar sobre ela.)

Um pequeno excerto:

“(…) Para quem o quiser escutar profundamente, o Natal é atravessado por um dramatismo que nos abala, pois nos retira do féerico entretenimento das perguntas penúltimas e nos coloca perante as perguntas últimas (essas que nos encontram sempre sem defesa …”

Aceitemos ou não que o Natal pode escancarar uma grande solidão, como o sugere JTM, sou dos que se sente mexido e interpelado pelo Natal, demos ou não atenção aos apelos do consumo. Enternece-me o ritual dos grandes reencontros de família, ainda que associando a tais reencontros a sensação de perda pelos que nos vão deixando, compensada pela chegada e crescimento dos mais novos e pelos caminhos para novos rituais que se vão formando.

E, em épocas como esta que convidam ao recolhimento, lá uma vez mais somos confrontados com a fragilidade de algumas das nossas infraestruturas, seguramente não preparadas para a severidade aleatória de picos climáticos. E também uma vez mais assistiremos ao rosário de expiação de culpas, incúria de manutenção, desvios de recursos e debilitação do investimento público, resiliência e sangue frio de populações, aqui e ali alguma descoordenação, aproveitamento mediático, como isto tudo é recorrente.

Do interior ao litoral, a região Centro do país parece apostada em transformar-se no palco de todas as tragédias, efetivas ou à beira de se revelarem em efeitos mais, questão que me toca pois tenho trabalhado de perto com os serviços de planeamento da CCDR Centro.

Imagino que o Natal este ano no Baixo Mondego seja mais incerto e precário e por isso a minha modesta solidariedade para com esta região do país.

E Feliz Natal a todos que vão tendo a pachorra de ir passando por este espaço de reflexão.

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