Ontem em Londres, durante a cimeira anual da NATO, alguns líderes internacionais deram uma evitável prova da sua falta de senso e do seu escasso sentido de responsabilidade. Com a organização sob ameaças várias e riscos graves, designadamente os decorrentes da instabilidade emocional e política de Trump, serviram de bandeja a este uma evitável vitimização perante as piadas ridicularizantes que incautamente lhe dedicaram em público (acima, algumas capas dos jornais ingleses de hoje). Este triste episódio, que certamente Trump irá explorar até ao limite, só veio contribuir para agravar uma desunião que salta à vista e relativamente à qual Macron, posicionando-se numa perspetiva europeia muito própria (embora essencialmente correta), tinha há semanas posto o dedo na ferida ao referir-se à organização como tendendo para uma “morte cerebral”. Cada vez é mais claro que vivemos um período de longa transição entre ordens mundiais, de ajustamentos permanentes na procura de configurações novas e mais adaptadas à magnitude das mudanças em presença desde o final da Guerra Fria e a plena afirmação de uma globalização desregulada, sendo certo que a fraqueza das lideranças faz com que a apalpação impere (quando não a destruição não criativa) e que os perigos espreitam de muitos lados e podem conduzir a desenlaces indesejáveis.
(cartoon de Klaus Stuttman, http://www.tagesspiegel.de)
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