(Ganhou, está ganho e os britânicos que se
amanhem com as suas decisões por mais estapafúrdias que se apresentem. Mas interessa perceber o fenómeno, pois Boris representa mais uma variedade
do populismo que assola as democracias ocidentais, cada vez mais difícil de
generalizar, teorizando.)
Entre o pensamento que tem emergido tentando explicar tão massiva votação
em mais um mentiroso inveterado vale a pena aqui citar Simon Wren-Lewis, no seu
blogue MAINLY MACRO, sobre o qual não podem ser assacados pedidos de explicação
por não ter em devido tempo sublinhado as limitações de Jeremy Corbyn para unir
em termos de estratégia de voto os REMAINERS. De facto, permitir e dar o flanco
a que a imprensa pró BREXIT pudesse em fogo lento e continuado disseminar os
traços de marxista, não patriota e racista em Corbyn e, simultaneamente, não
ter uma posição clara sobre o BREXIT é obra a que dificilmente outro candidato
ostentaria com mais ou menos orgulho.
Tudo isso hoje fica claro. E como bem compreendo Wren-Lewis quando afirma
que “é tempo agora para um pensamento mais
profundo sobre como regressar à luz e assegurar que nunca mais possamos
deslizar para um mundo da pós-verdade” (link aqui).
Mas isso não significa que ignoremos a arte de bem enganar o eleitorado que
os Conservadores praticaram com mestria, obviamente com a cumplicidade e
compadrio de uma imprensa complacente.
O momento-chave dessa arte de bem passar a perna ao eleitorado e da
complacência da imprensa fiel ou do tipo “não incomodar quem está no poder”
aconteceu quando Boris Johnson conseguiu arrancar um acordo com a União
Europeia. Um acordo que era bem pior e bastante mais equívoco do que aquele
conseguido por Theresa May e que Boris Johnson se esforçou continuamente por
estilhaçar.
Mas onde emerge com total clareza e plenitude a tal arte de bem enganar o
eleitorado? Consiste nesta preciosidade: conseguir uma votação massiva junto de
um eleitorado sob o lema de ser o melhor para concretizar o BREXIT segundo um
acordo que é igual ou pior aquele que ele próprio sempre recusou e considerou
um desastre de grandes proporções.
Não é isto a verdadeira arte de bem enganar?
Ou será que o dono do impagável Dilyn se prepara para passar a perna à
própria União Europeia?
A arte de bem enganar pode seguir dentro de momentos. Estejamos atentos.
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